Francis Ford Coppola esteve no Festival do Estoril para apresentar o seu filme Tetro, cuja estreia ocorrerá no dia 19 [foto de rodagem de Uma Segunda Juventude]. Este é um primeiro texto que resulta de uma conversa, em Cascais, com o realizador de Apocalypse Now — foi publicado no Diário de Notícias (9 de Novembro), com o título '“Ser um cineasta de Hollywood foi um acidente”'.
Numa sala de um hotel de Cascais, Francis Ford Coppola recebe a imprensa com o à vontade de um profissional que se dá bem com os rituais mediáticos: “Com quem é que eu falo a seguir?”, pergunta, assim que conclui uma entrevista para uma televisão. Afinal de contas, gosta de conversar sobre o seu trabalho e faz questão em sublinhar o sentido de missão da sua presença no Festival do Estoril: “Estou aqui para ajudar o distribuidor português (Paulo Branco, director do festival) a lançar o meu filme Tetro. E creio que essa ajuda é importante, já que se trata de um pequeno filme, sem grandes estrelas, sem efeitos especiais.”
Em todo o caso, a “pequenez” de Tetro não é por ele encarada como uma limitação. Bem pelo contrário: “Corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais.” Com as suas peripécias eminentemente familiares, será também um filme autobiográfico? “Não exactamente, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal.”
Quando vemos Tetro, é quase inevitável pensarmos nos “pequenos” filmes que Coppola fez na década de 60, em particular The Rain People (1969), entre nós chamado Chove no Meu Coração. Coppola não recusa essa proximidade: “Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho [1972]. Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation [O Vigilante, 1974] . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror....”
Será que, de alguma maneira, Coppola guarda saudades do sucesso que conseguiu com os “oscarizados” O Padrinho e O Padrinho II [1974]? Em boa verdade, a resposta é uma negativa sem ressentimento, simples e transparente: “Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente.” Faz mesmo questão em lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: “De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido.”
Como é, então, Coppola enquanto espectador de cinema? Que filmes o interessaram recentemente? “Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares [Este País Não É para Velhos], mais o Destruir Depois de Ler.” Além do mais, acompanha a actualidade cinematográfica sem estabelecer fronteiras rígidas: “Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento.”
Numa sala de um hotel de Cascais, Francis Ford Coppola recebe a imprensa com o à vontade de um profissional que se dá bem com os rituais mediáticos: “Com quem é que eu falo a seguir?”, pergunta, assim que conclui uma entrevista para uma televisão. Afinal de contas, gosta de conversar sobre o seu trabalho e faz questão em sublinhar o sentido de missão da sua presença no Festival do Estoril: “Estou aqui para ajudar o distribuidor português (Paulo Branco, director do festival) a lançar o meu filme Tetro. E creio que essa ajuda é importante, já que se trata de um pequeno filme, sem grandes estrelas, sem efeitos especiais.”
Em todo o caso, a “pequenez” de Tetro não é por ele encarada como uma limitação. Bem pelo contrário: “Corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais.” Com as suas peripécias eminentemente familiares, será também um filme autobiográfico? “Não exactamente, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal.”
Quando vemos Tetro, é quase inevitável pensarmos nos “pequenos” filmes que Coppola fez na década de 60, em particular The Rain People (1969), entre nós chamado Chove no Meu Coração. Coppola não recusa essa proximidade: “Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho [1972]. Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation [O Vigilante, 1974] . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror....”
Será que, de alguma maneira, Coppola guarda saudades do sucesso que conseguiu com os “oscarizados” O Padrinho e O Padrinho II [1974]? Em boa verdade, a resposta é uma negativa sem ressentimento, simples e transparente: “Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente.” Faz mesmo questão em lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: “De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido.”
Como é, então, Coppola enquanto espectador de cinema? Que filmes o interessaram recentemente? “Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares [Este País Não É para Velhos], mais o Destruir Depois de Ler.” Além do mais, acompanha a actualidade cinematográfica sem estabelecer fronteiras rígidas: “Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento.”