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Será, porventura, uma ironia (que a história talvez se encarregue de ir relativizando) o facto de Lévi-Strauss ser normalmente apelidado de "pai do estruturalismo". Não que ele não tenha sido uma figura absolutamente decisiva nessa corrente que tenta descrever e desmontar as estruturas que sustentam as actividades humanas, cruzando o núcleo de ideias do século XX, desde o papel precursor de Ferdinand de Saussure (1857-1913) até aos trabalhos de pensadores como René Thom (1923-2002), com a teoria das catástrofes, Roland Barthes (1915-1980), nos estudos semiológicos, ou Louis Althusser (1918-1990), na reinterpretação crítica do marxismo. O certo é que, ao mesmo tempo, a obra de Lévi-Strauss possui uma dimensão romanesca que não contraria, antes intensifica, o grau de exigência das suas investigações.
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As Estruturas Elementares do Parentesco (1949), Raça e História (1952), Pensamento Selvagem (1962) e O Cru e o Cozido (1964), este o primeiro de uma série de quatro volumes sobre os homens e os mitos, são alguns títulos emblemáticos da sua obra. Talvez se possa resumir o seu alcance — e também as suas ramificações e influências —, considerando que Lévi-Strauss nos ajudou a olhar e pensar o mundo para além de qualquer "centralismo" ocidental, abrindo o conhecimento para a infinita variedade do factor humano.
>>> Obituário no jornal Le Monde.
>>> Obituário em The New York Times.
>>> Videos de Claude Lévi-Strauss no site do INA.