Continuando a visitar discos-chave na obra de Karlheinz Stockhausen hoje evocamos Hymnen, uma das suas obras de música electrónica de maior fôlego na qual o compositor concretizou um projecto de construção musical usando diversos hinos nacionais. Composto entre 1966 e 1967, Hymnen reflectia, numa idade em que a globalização das tranmsissões televisivas (sobretudo as desportivas) começaram a fazer dos hinos uma assinatura reconhecível de vários povos e geografias, representando o reconhecer dessas notas uma identidade colectiva de tempo e lugar. A música, que usou na sua construção ferramentas e tecnologias comuns aos mesmos sistemas que criaram a idade da comunicação, começou a ganhar forma em 1966 nos estúdios da WDR, sendo concluída já em Novembro de 1967. Na sua forma original, Hymnen apresenta-se internamente dividida em quatro “regiões”, cada qual centrada num hino específico, a ele juntando contudo elementos de outros. Mais que um retrato de uma geografia, a obra promove desenhos que acabam por traduzir também um plano de identidade política, social e, assim sendo, histórica.
Hymnen teve primeira edição em disco duplo em 1970 pela Deutsche Grammophon (na imagem), um título hoje disputado a preços nada meios entre coleccionadores. A mesma gravação, juntamente com uma segunda versão da mesma obra, que acrescenta às electrónicas músicos solistas e uma orquestra surgiu num CD quádruplo editado pela própria editora de Stockhausen, e está apenas disponível por venda postal.