Imagens como esta tornaram-se fracas, para não dizer inexistentes, no pensamento político dos portugueses. O que não admira. De acordo com as notícias referentes ao dia 5 de Outubro, percebemos que Presidência da República e Governo vão gerindo cuidadosamento a simbologia dos seus próprios gestos, de modo a sublinhar, porventura intensificar, diferenças e distâncias. Na prática, pudemos perceber duas coisas, afinal interligadas: primeiro, que as tensões entre pessoas desempenham um papel fulcral nos movimentos (ou na paralisia) da cena política; segundo, que o aparato televisivo em que tudo isso é vivido tende a empolar todos os sinais que envolvam promessa de conflito ou hipótese de ruptura.
Claro que não podemos encerrar-nos numa ingenuidade paradisíaca e esperar que tais factores estejam ausentes da vida política (porventura até, por vezes, com efeitos criativos importantes). Em todo o caso, o 5 de Outubro de 2009 acentuou o que, infelizmente, já sabíamos: a dificuldade de o próprio sistema político produzir de si uma imagem que, para além de todas as lutas, celebre o essencial que, historicamente, nos confere unidade e cumplicidade.
Se avaliarmos a questão em termos educacionais, diremos que o dia foi politicamente anti-pedagógico. Ou alguém acredita que, perante tantos sinais de desentendimento fulanizado, os "jovens" (essas criaturas mitológicas) vão sair à noite para a comemorar o aniversário da República?...