The Time Traveler's Wife, de Audrey Niffenegger (também uma invulgar pintora), é um daqueles livros cujo encanto e envolvimento nasce do absurdo da sua aposta. Nele se conta a história do atribulado amor de Henry DeTamble (nascido em 1963) e Clare Abshire (n. 1971), marcado pela singularidade existencial de Henry: ele viaja no tempo. Com uma diferença que o distingue de qualquer herói tradicional das "viagens-no-tempo": de facto, Henry não só não viaja por opção, como não sabe quando irá viajar nem em que direcção da sua cronologia (ou da cronologia dos outros). Daí que não tenhamos, aqui, o jogo mais ou menos rocambolesco do passado/futuro que "não pode", ou "não deve", ser alterado: Henry viaja, por assim dizer, contra o tempo, tentando aquietar a angústia branda de, em qualquer momento, poder estar em qualquer lugar e, sobretudo, com qualquer idade — no seu primeiro encontro, segundo a cronologia normal, isto é, de Clare, ela tem 6 anos e ele 36...
Niffenegger tem o método suficiente para manter o seu livro tocado por um muito discreto impulso de ficção científica, mas de facto construindo-o como uma imensa aventura romanesca. Narrado por Henry e Clare, em fragmentos que se sucedem com a respectiva identificação de autoria, a data e a idade de cada um, The Time Traveler's Wife é uma saga interior dos nossos tempos de eufórica perda de coordenadas, drama aqui tomado à letra: e se eu estiver sempre a caminho de outro lugar?... Dele se fez um filme homónimo [cartaz], produzido por Brad Pitt, dirigido por Robert Schwentke, com Eric Bana e Rachel McAdams. Estreado em Agosto nos EUA, cumpriu uma carreira discreta, sem ter sido um falhanço comercial. Será por não ser um blockbuster que (ainda) não consta das listas portuguesas de distribuição? Ou será que vamos ter mais um caso de "esquecimento" do mercado, daqui a meia dúzia de meses transformado num silencioso lançamento em DVD?>>> Trailer do filme
>>> Site oficial de Audrey Niffenegger.
>>> Site oficial do filme The Time Traveler's Wife.