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>>> A cultura americana é herdeira dos desertos [o capítulo final do seu livro chama-se, aliás, 'Desert for ever']. Estes não são uma natureza em contraponto às cidades, designam o vazio, a nudez radical que está por detrás de qualquer empreendimento humano. Designam ao mesmo tempo os empreendimentos humanos como uma metáfora desse vazio, e a obra do homem como a continuidade do deserto, a cultura como miragem e como perpetuidade do simulacro. <<<
Baudrillard faz-nos falta, hélas! Isto porque a apoteose do simulacro se vem instalar, agora, nas páginas da revista... Playboy: Marge Simpson, mãe de família e personagem respeitada de uma já clássica série televisiva, vai posar na edição de Novembro da revista de Hugh Hefner. Bem sabemos que ela é uma figura desenhada ou, como dizem algumas notícias mais dadas ao bom senso, "não é real"... Em boa verdade, neste mundo virtual em que, malgré nous, somos obrigados a viver, o real já não é o que era — literalmente.
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Dizem também as notícias que se trata de uma escolha relacionada com o 20º aniversário dos Simpsons, procurando atrair leitores na casa dos 20 anos, já que a maioria está acima dos 35 (pormenor cujo simbolismo convém não banalizar: esta informação foi divulgada por uma mulher, Theresa Hennessey, porta-voz do Playboy). A estratégia não podia ser mais reveladora: de acordo com este ponto de vista, os mais jovens já não têm nenhuma ideia do corpo, a não ser virtual.
>>> The Simpsons: página de Marge.