Eis uma imagem que passa, de modo breve, no filme Os Substitutos (Surrogates), de Jonathan Mostow, com Bruce Willis no papel principal. É uma imagem que suscita uma velha pergunta: será que a intensidade dos momentos "visuais" basta para conferir consistência dramática a um filme? A resposta é inapelavelmente negativa, e Os Substitutos aí está para ilustrar tal contradição [estreia na quinta-feira].
Baseado numa série de banda desenhada de Robert Venditti/Brett Weldele, este é o retrato de um futuro próximo em que os cidadãos quase deixaram de sair à rua, vivendo por delegação através de robots-substitutos, um por cada pessoa. A ideia é sugestiva e perturbante e, como se pode verificar pela imagem, toca no cerne dos muito cruzamentos entre corpos e máquinas. Acontece que, a pouco e pouco, Os Substitutos vai cedendo às facilidades do filme de "acção" (?), a ponto de falhar duas vias possíveis: não é um "Die Hard" para relançar Bruce Willis (mas finge sê-lo), nem valoriza o potencial de ficção científica em que se baseia (mesmo se não o destrói por completo). Resultado: uma boa história que ficou limitada por um deficiente conceito de produção.