FOTO Uli Weber / Decca
O novo álbum de Cecilia Bartoli — Sacrificium (Decca) — é um prodígio musical completado por uma notável proeza fotográfica. Assim, Bartoli evoca peças compostas para os castrati dos séculos XVII e XVIII, apresentando-se no seu álbum em belíssimas imagens de Uli Weber, por assim dizer procedendo a uma reconversão simbólica do corpo e, nessa medida, sublinhando o requiem artístico pelos sacrificados do canto.
Distinguindo-se por uma atitude de não alinhamento com o que está "oficialmente" consagrado, Bartoli propõe um conjunto de composições de nomes menos conhecidos da era barroca, incluindo Francesco Araja (1709- 1770?), Antonio Caldara (1671?-1736), Nicola Porpora (1686-1768) e Leonardo Vinci (1690-1730). O álbum inclui onze árias em primeira gravação mundial — pode ser ouvido, na íntegra, até ao dia 29, na NPR —, impondo-se como uma experiência-limite, não apenas para a voz de Bartoli, mas também pelo modo como nele se reescreve a memória de uma época e das suas convenções artísticas. Mais do que um lançamento de excepção na área do canto lírico, trata-se de um dos grandes acontecimentos discográficos de 2009.
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