Com argumento co-assinado pelo próprio Brett Easton Ellis (em parceira com Nicholas Jarecki), Os Informadores (The Informers no original) nasce de uma adaptação narrativamente bem ginasticada de uma série de contos seus originalmente lançados há 15 anos sob o mesmo título. Num arco de tempo projectado algures em meados dos anos 80, sob um espaço comum em Los Angeles (com apenas breve incursão de uma série de sequências por uma praia no Hawai), correm histórias de ricos e poderosos, figuras da elite de Hollywood e dos mundos que lhes são satélite. Todos os rostos têm uma nuca que esconde outras histórias, todos eventualmente se cruzam no espaço, as suas vidas assombradas, cada qual à sua maneira. São histórias de hedonismo e niilismo em quadros focados num momento em que começam a surgir as primeiras notícias sobre a sida, uma das personagens começando a exibir sintomas que nem ela nem os que estão à sua volta parecem compreender. Por aqui passam variações da velha ementa sex and drugs & rock’n’roll vestidas na pele de um elenco que cruza gerações, entre “estrelas”, como Kim Basinger, Billy Bob Thornton, Winona Ryder, Mickey Rourke ou Chris Isaak, e valores em afirmação como Jon Forster, Amber Heard, Lou Taylor Pucci ou Brad Renfro (este tendo sido, de resto, o seu último filme.
Uma das mais interessantes formas de caracterização do tempo e lugar usadas pelo realizador Gregor Jordan chega através da música. Não necessariamente na figura de Bryan Metro (à sua maneira, um parente desencantado e pós-punk de um Brian Slade do Velvet Goldmine, de Todd Haynes). Mas na presença de elementos de época na banda sonora, como por exemplo acontece na sequência de abertura ao som de Simple Minds (na fase em que eram uma banda interessante), mais tarde passando ainda pelos Wang Chung ou A Flock Of Seagulls, ou através de planos que passam por ecrãs de televisão onde vemos excertos de telediscos dos Men Without Hats ou Gary Numan. Afinal, a MTV era coisa recente, com sabor a novidade para quem estava em sintonia com os tempos.
Aqui ficam alguns exemplos da interessante relação do filme com a pop enquanto cenário e marca de tempo que enquadra a acção:
Este é o teledisco de Cars, um dos singles-chave na afirmação de Gary Numan como uma das primeiras figuras de sucesso da pop feita com electrónicas, em 1979. Um excerto do teledisco surge, num ecrã de TV, numa cena do filme
O teledisco de Safety Dance (1982), dos canadianos Men Without Hats é outra das janelas abertas à memória pop de inícios de 80. Tal como o de Gary Numan surge num plano que passa por um ecrã de televisão.
A fechar este tríptico pop sugerido pela banda sonora de Os Informadores, os Simple Minds, em New Gold Dream, tema-título do seu álbum de 1982 que serve de base ao genérico do filme. A canção não foi editada como single nem teve nunca um teledisco, pelo que aqui a evocamos em versão tocada, na época, no programa televisivo The Tube. Esta actuação televisiva pode ser vista: aqui