Perante um Grande Auditório praticamente cheio, a pianista russa Elena Bashkirova [foto] regressou à Fundação Gulbenkian (dias 8 e 9 — esta crónica refere-se ao segundo dia) para uma interpretação, ao mesmo tempo delicada e vibrante, do Concerto para Piano e Orquestra Nº 1, em Dó maior, op. 15, de Ludwig van Beethoven. O diálogo com a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Lawrence Foster, foi tanto mais empolgante quanto a performance nos pôde fazer sentir a pluralidade de uma obra (composta em 1796-97) decisiva para a reconversão do papel expressivo do piano e, claro, para a própria evolução do compositor.
Seja como for, o impacto de Beethoven foi indissociável do ziguezague temporal proposto pelo alinhamento do concerto. Assim, a orquestra começou por interpretar uma belíssima peça da primeira metade do século XVIII, revista por um compositor do século XX, Anton Webern, em 1934-35. Mais concretamente: Fuga (Ricercata) a 6 vozes para orquestra (arr. da Oferenda Musical de J. S. Bach). Foi também uma maneira de colocar a matéria musical fora de qualquer nostalgia linear. Aliás, como se diz em texto de Teresa Cascudo, no programa de sala, esta foi uma composição estreada por Webern naquele que foi o seu derradeiro concerto na Alemanha, reunindo Bach e Mendelssohn numa "reivindicação da liberdade artística". Ecoando tal simbologia, na segunda parte, a orquestra interpretou a Sinfonia Nº 3, em Lá menor, op. 56, Escocesa, de Felix Mendelssohn-Bartholdy, concluindo um concerto exemplar na sua envolvente viagem por três séculos de música.
Seja como for, o impacto de Beethoven foi indissociável do ziguezague temporal proposto pelo alinhamento do concerto. Assim, a orquestra começou por interpretar uma belíssima peça da primeira metade do século XVIII, revista por um compositor do século XX, Anton Webern, em 1934-35. Mais concretamente: Fuga (Ricercata) a 6 vozes para orquestra (arr. da Oferenda Musical de J. S. Bach). Foi também uma maneira de colocar a matéria musical fora de qualquer nostalgia linear. Aliás, como se diz em texto de Teresa Cascudo, no programa de sala, esta foi uma composição estreada por Webern naquele que foi o seu derradeiro concerto na Alemanha, reunindo Bach e Mendelssohn numa "reivindicação da liberdade artística". Ecoando tal simbologia, na segunda parte, a orquestra interpretou a Sinfonia Nº 3, em Lá menor, op. 56, Escocesa, de Felix Mendelssohn-Bartholdy, concluindo um concerto exemplar na sua envolvente viagem por três séculos de música.