Com ou sem aspas, ficámos ontem a saber que José Eduardo Moniz [foto] "regressa" à TVI. Transcrevo de uma notícia publicada no Diário de Notícias:
A TVI volta a estar na esfera de influência de José Eduardo Moniz. A Ongoing, grupo no qual assumiu a vice-presidência em Agosto, acaba de comprar uma posição de 29,69% da Media Capital, com possibilidade de chegar aos 35%. Uma operação que avalia a Media Capital em 450 milhões de euros, pelo que o investimento da Ongoing será de 134 milhões de euros (...).
A TVI volta a estar na esfera de influência de José Eduardo Moniz. A Ongoing, grupo no qual assumiu a vice-presidência em Agosto, acaba de comprar uma posição de 29,69% da Media Capital, com possibilidade de chegar aos 35%. Uma operação que avalia a Media Capital em 450 milhões de euros, pelo que o investimento da Ongoing será de 134 milhões de euros (...).
Esperava eu que, perante estes dados, os especialistas em conspirações, cataclismos e outras turbulências mediáticas nos viessem esclarecer e ajudassem a pensar no meio da confusão. Afinal, se José Eduardo Moniz foi vítima de uma cabala do governo, que se está a passar? Esse mesmo governo não passa de uma patética colecção de meninos de coro? Ou a gelada lógica do dinheiro transcende os cálculos de muitas formas de jogo político, mesmo as mais cínicas?
De facto, não sabemos. Literalmente: não sabemos nada. Apenas podemos intuir algo que, por princípio, a maioria dos comentadores políticos, e os próprios políticos, recusa enfrentar: os movimentos das grandes entidades económicas — por certo importantes e influentes na dinâmica política das sociedades — decorrem de determinações e estratégias que, pelo menos até certo ponto, se enraizam na própria (ir)racionalidade do dinheiro e dos seus (des)equilíbrios. Essa crueza simbólica do dinheiro é algo que o nosso imaginário mediático tem imensa dificuldade em enfrentar — é sempre mais fácil tratar a realidade como o desastrado argumento de um péssimo thriller político.