"Uma entrevista rara e franca com a Rainha da Pop" — é o que escreve The Sunday Times (20 de Setembro) para apresentar a magnífica peça jornalística de Dan Cairns, resultante de um encontro com Madonna, na sua casa de Londres. O resultado é um auto-retrato cru, temperado de contundência e ironia, condensado num lema para o futuro: "Continuo curiosa e ansiosa. Quero mais conhecimento, quero mais informação, quero mais experiência."
Em qualquer caso, o destaque vai para a própria inserção da entrevista no caderno de 'Cultura' do jornal, opção que, por certo, chocará o esclerosado purismo de algum jornalismo português. E repare-se: que Madonna seja um tema cultural, por excelência, eis o que qualquer espírito aberto sabe há mais de trinta anos (independentemente dos juízos de valor que o trabalho de Madonna lhe possa suscitar). Acontece que aquela mentalidade retrógrada se mantém ligada a um sistema de não-pensamento em que o cultural é entendido como o baú dos temas de eleição da arte do século... XIX. Para esse jornalismo sem imaginação, nenhuma convulsão pop é reconhecida como uma força cultural. Talvez Warhol, mas apenas porque está morto.