Concluimos hoje a publicação de uma entrevista com Rostam Batmanglij (teclista dos Vampire Weekend) e Wes Miles (vocalista dos Ra Ra Riot), agora juntos no projecto Discovery. Esta entrevista serviu de base ao artigo ‘À Descoberta de um disco que nasceu em tempo de férias’, publicado no DN a 30 de Agosto.
No álbum usam o auto-tune, numa altura em que é uma das ferramentas mais contestadas por alguns músicos...
RB - Não o fizemos por haver gente a dizer mal do auto-tune. Há quatro anos isso não acontecia... O auto-tune transformou-se numa ferramenta muito popular. E de repente todos tinham uma opinião sobre o auto-tune. Mas anda por aí há muito tempo...
É interessante trabalhar a voz desta forma?
WM – Acrescenta outra textura. Mas é mais que uma simples ferramente para acrescentar reverb ou compressão.
Uma das canções que gravam no disco é uma versão de I Want You Back, dos Jackson 5. O disco chegou numa altura em que a morte de Michael Jackson era notícia recente... Naturalmente já tinham a versão feita há muito tempo...
RM – Sim… As pessoas perguntam se a fizemos agora, mas acho que todos no fundo sabem que a fizemos há algum tempo.
Porquê esta canção em particular?
RM - Nem sei bem... Acho que foi na faculdade que alguém me disse que seria uma canção interessante de fazer... E gosto muito da linha de baixo...
E porque partilham um tema [Can You Tell] em comum com o álbum dos Ra Ra Riot?
WM - Bom, na verdade a nossa versão [a que chamaram Can You Discover] já existia antes... Esta versão é assim como uma máquina do tempo. Uma espécie de universo alternativo.
Com os Vampire Weekend a juntarse e os Ra Ra Riot a fazer o mesmo mais dia ou menos dia, qual é o futuro para Discovery?
RB – Não temos planos para subir a um palco. Mas queremos fazer mais música juntos no futuro. E talvez acabemos por fazer um outro disco.
Daqui a cinco anos?
RB – Não, talvez mais cedo...
Esta experiência com electrónicas mudou o vosso gosto?
RB – Eu já ouvia muito os Daft Punk quando era mais miúdo…
As vossas bandas não usam computadores e electrónicas com esta intendidade. Vão levar estas ferramentas e modos de trabalho para as vossas bandas?
WM – Sim, creio que isso poderá acontecer. Posso levar para a banda novas formas de compor. Muito do que fizemos no disco tem muito a ver com improvisação.
RB – Creio que o mais importante deste trabalho conjunto que fizemos tem sobretudo a ver com produção. Produzirmo-nos um ao outro. Crieio que isso acontecerá mais no futuro... Um escreve, outro produz... Gostámos de trabalhar desta forma.
Foi difícil chegar ao nome para o álbum?... Chamaram-lhe, simplesmente, LP...
RB - Há uma edição em vinil... Creio que a ideia veio porque, originalmenmte o nosso plano era o de fazer um EP com poucas canções. Seria, assim, o Discovery EP. Mas quando reparámos que tinhamos dez canções, podiamos antes editar um álbum. E chamar-lhe LP vem daí...
Um LP na idade do mp3... E por onde descobrem hoje música nova?... Mais pela rádio ou pela Internet?
RB – Nos tempos da faculdade era mais pela rádio. Agora mais pela Internet.
Compram discos?
RB – Eu voltei a comprar discos.
WM – Eu comprei um gira-discos novo, mas ainda não o instalei.