quinta-feira, setembro 03, 2009

Em conversa: Discovery (1/2)

Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com Rostam Batmanglij (teclista dos Vampire Weekend) e Wes Miles (vocalista dos Ra Ra Riot), agora juntos no projecto Discovery. Esta entrevista serviu de base ao artigo ‘À Descoberta de um disco que nasceu em tempo de férias’, publicado no DN a 30 de Agosto.

Tanto os Vampire Weekend como os Ra Ra Riot sairam para férias há uns meses… Mas eis que os dois se juntam num disco em paralelo que editam como Discovery. Não gostam de tirar férias?
Rostam Batmanglij – (risos) Sim, gosto de férias. Mas não sei ficar muito tempo sem trabalhar em música.

E como surgiu esta ideia para vos estragar as férias…
RB – Na verdade estamos a trabalhar neste disco há já cinco anos. Nunca trabalhamos de uma forma contínua. Era mais quando acontecia estarmos juntos numa mesma cidade, nomeadamente Nova Iorque. Quando estávamos em digressão com as nossas bandas nunca podiamos trabalhar juntos, pelo só po podiamos fazer quando não estávamos na estrada. Em Janeiro consguimos finalmente encontrar algum tempo. Juntámo-nos todas as noites... Na altura já estava também a ensaiar novas canções com os Vampire Weekend.
Wes Miles – Do nosso lado, em janeiro estávamos mesmo de férias. Tive algum tempo para sair, para descobrir coisas novas. Foi uma boa altura para descobrir e trabalhar com música.

O álbum de Discovery afasta-se do que seria uma soma natural do que fazem nas vossas bandas.
RB - É mais interessante para nós que assim seja, Para quê tentarmos coisas iguais às que já faziamos com as nossas bandas?... Tudo veio de nós dois. Os dois atrás de um computador. Trabalhávamos a voz, cortávamos as coisas e podíamos fazer o que queríamos com a voz...

E não podiam trabalhar dessa maneira nos Vampire Weekend e Ra Ra Riot?
RB - Não é que não fosse possível cortar as vozes e manipulá-las nas nossas outras bandas. Mas são bandas que tocam ao vivo. E como é que poderíamos depois recriar essas manipulações num palco? É mais isso... As coisas funcionaram muito bem porque trabalhamos tudo com electrónicas.~

Como é que surguiu esta opção pelas electrónicas e por este tipo de abordagem à canção?
WM - Bom, na verdade, quando começámos a trabalhar, há cinco anos, as canções estavam bem diferentes do que agora se pode ouvir.

Houve então uma mutação em frente aos vossos olhos?
WM - Fomos experimentando, tentando coisas... Não foi um processo pensado. Foi mais descoberto. Fomos descobrindo coisas sempre que trabalhávamos...

E o nome Discovery vem daí...
RM - Não... Na verdade já existia antes da música aparecer. Talvez eu estivesse já entusiasmado pelo conceito da descoberta. É um nome inspirador... Porque não?... Podiamos pegar nestas canções que ambos já tinhamos e trabalhá-las num espaço intermédio meio estranho. Um espaço onde fosse possível aplicar ideias de produção que eu já tinha...