Este texto integra a série "Política das imagens", nas páginas do DN ao longo da campanha para as eleições de 27 de Setembro — foi publicado no dia 14, com o título 'Onde estão os verdadeiros tabus?'.
Mal ou bem, sou dos que tentam reflectir um pouco sobre o modo de circulação dos discursos políticos na paisagem mediática em que vivemos. Em termos simples (embora redutores), trata-se de tentar compreender como, hoje em dia, as personalidades políticas estão enredadas em estratégias de imagem ou, para utilizarmos uma expressão do marketing, em questões de visual.
Creio que esta forma de considerar a política tem trazido um crescente empobrecimento à vida das ideias (e se estas considerações se virarem contra o meu próprio discurso, tanto pior para mim). De facto, o suposto combate de “imagens” em que os líderes políticos se empenham, ou para o qual são empurrados, implica uma cada vez maior miséria argumentativa e também uma generalizada indiferença pelo simples acto de pensar. Entenda-se: pensar o que significa vivermos em sociedade.
A meu ver, um dos sintomas mais perturbantes de tal estado de coisas decorre daquilo a que chamaria a “futebolização” dos debates. Mesmo sem querer favorecer generalizações abusivas, julgo que se pode dizer que, quase sempre, tais debates são reduzidos à produção de um resultado banalmente quantitativo. Ou seja: quem ganhou? Quem perdeu?
Esse envolvimento mediático (que é, como bem sabemos, predominantemente televisivo) tende a confundir os debates com a própria manifestação dos votos, esse sim um acontecimento quantificável em termos de vitória e derrota. Na prática, os protagonistas políticos estão menos a sustentar ideias ou programas e mais a entregar-se como figurantes a um dispositivo mediático que se sobrepôs às razões originais da política. A meu ver, esse é o primeiro e dramático tabu destas eleições. E confesso o meu cepticismo radical: nenhum dos respectivos actores ousará interrogar os seus pressupostos ou discutir os seus efeitos.
Mal ou bem, sou dos que tentam reflectir um pouco sobre o modo de circulação dos discursos políticos na paisagem mediática em que vivemos. Em termos simples (embora redutores), trata-se de tentar compreender como, hoje em dia, as personalidades políticas estão enredadas em estratégias de imagem ou, para utilizarmos uma expressão do marketing, em questões de visual.
Creio que esta forma de considerar a política tem trazido um crescente empobrecimento à vida das ideias (e se estas considerações se virarem contra o meu próprio discurso, tanto pior para mim). De facto, o suposto combate de “imagens” em que os líderes políticos se empenham, ou para o qual são empurrados, implica uma cada vez maior miséria argumentativa e também uma generalizada indiferença pelo simples acto de pensar. Entenda-se: pensar o que significa vivermos em sociedade.
A meu ver, um dos sintomas mais perturbantes de tal estado de coisas decorre daquilo a que chamaria a “futebolização” dos debates. Mesmo sem querer favorecer generalizações abusivas, julgo que se pode dizer que, quase sempre, tais debates são reduzidos à produção de um resultado banalmente quantitativo. Ou seja: quem ganhou? Quem perdeu?
Esse envolvimento mediático (que é, como bem sabemos, predominantemente televisivo) tende a confundir os debates com a própria manifestação dos votos, esse sim um acontecimento quantificável em termos de vitória e derrota. Na prática, os protagonistas políticos estão menos a sustentar ideias ou programas e mais a entregar-se como figurantes a um dispositivo mediático que se sobrepôs às razões originais da política. A meu ver, esse é o primeiro e dramático tabu destas eleições. E confesso o meu cepticismo radical: nenhum dos respectivos actores ousará interrogar os seus pressupostos ou discutir os seus efeitos.