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Um dos mais interessantes cartazes surgidos nesta campanha faz-se com um grande plano de um rapaz e uma rapariga, abraçados. Ele está de costas, ela olha para fora da imagem e trinca a ponta da orelha dele. Há uma clara sugestão de cumplicidade sexual, confirmada pela frase mais destacada: “A tua primeira vez...”. Através das restantes frases, percebemos que se trata da “primeira vez” eleitoral: “Não deixes que escolham por ti, vota!”.
O cartaz [em cima] é da Juventude Social Democrata e tem, pelo menos, o mérito de fugir ao modelo dominante desta campanha: os líderes são quase sempre representados como cabeças de marioneta, literalmente sem corpo, sob fundo mais ou menos neutro, sem qualquer contexto realista ou simbólico. Por vezes, a simples qualidade fotográfica é banal, como em alguns cartazes de Francisco Louçã ou Manuela Ferreira Leite, o que só pode enfraquecer ainda mais o impacto das “mensagens”.
Quase ninguém arriscou qualquer tipo de discreta erotização, como aquela que, com calculada ironia, se encontra no cartaz da JSD. As outras excepções são os dois cartazes de José Sócrates, sob o lema “Avançar Portugal”: o primeiro rodeado de personagens femininas; o segundo [em baixo] mais abstracto mas, apesar de tudo, remetendo para alguma contextualização humana.
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