E a Temporada de Música 2009/2010 chegou ao Grande Auditório da Fundação Gulbenkian (hoje, às 19h00). Depois da inauguração, na segunda-feira, no Coliseu, com a Orquestra Gulbenkian, Barenboim apresentou-se a solo para tocar apenas e só Fryderyk Chopin (1810-1849). Com o seguinte alinhamento: Fantasia em Fá menor, op. 49; Nocturno em Ré bemol maior, op. 27 nº 2; Sonata para Piano Nº 2, em Si menor, op. 35, Marcha fúnebre; Barcarola em Fá sustenido maior, op. 60; Três Valsas; Berceuse em Ré bemol maior, op. 57; Polaca em Lá bemol maior, op. 53.
Nostalgia romântica, por certo. Mas também urgência de regressar a uma música que conserva as enigmáticas ambiguidades de um tempo em que ainda se sentem os ecos dos padrões clássicos e, ao mesmo tempo, se rasgam caminhos para paisagens fascinantes e vulneráveis, porventura sem nome. A arte de Barenboim adquire uma vibração muito carnal, especialmente em peças "menores" (como a Berceuse), como se ele próprio nos confessasse a deriva interior que as notas de Chopin contêm e, de algum modo, suscitam. Apesar das tosses (e de um obsceno telemóvel), foi um fim de tarde memorável, certamente esperado — mas o que distingue Barenboim não é a "surpresa", apenas o esplendor do indizível.
Nostalgia romântica, por certo. Mas também urgência de regressar a uma música que conserva as enigmáticas ambiguidades de um tempo em que ainda se sentem os ecos dos padrões clássicos e, ao mesmo tempo, se rasgam caminhos para paisagens fascinantes e vulneráveis, porventura sem nome. A arte de Barenboim adquire uma vibração muito carnal, especialmente em peças "menores" (como a Berceuse), como se ele próprio nos confessasse a deriva interior que as notas de Chopin contêm e, de algum modo, suscitam. Apesar das tosses (e de um obsceno telemóvel), foi um fim de tarde memorável, certamente esperado — mas o que distingue Barenboim não é a "surpresa", apenas o esplendor do indizível.