Muito cinema contemporâneo, em particular do espaço anglo-saxónico, faz-se de "repetições" (remakes, sequelas...): como interpretar esta relação com o passado? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (15 de Agosto), com o título 'Remakes e cinefilia'.
Recentemente, surgiram notícias sobre mais dois remakes no mínimo inesperados. Assim, Steven Spielberg vai refazer Harvey, célebre comédia fantástica de 1954, realizada por Henry Koster, em que James Stewart interpreta um homem que acredita que mantém uma relação de amizade com um coelho gigante, invisível para os outros... Entretanto, o realizador Robert Luketic irá assinar uma nova versão de Barbarella, heroína futurista vinda da BD e que em 1968 foi interpretada por Jane Fonda num filme kitsch de Roger Vadim [cartaz].
Dir-se-ia que a recuperação de histórias mais ou menos antigas é uma tendência do cinema das décadas mais recentes, como se a cinefilia passasse, não apenas pela admiração de determinadas referências clássicas, mas sobretudo pela obsessão de as “repetir”. Como sempre, os resultados poderão ser melhores ou piores. Em todo o caso, fica a dúvida: será que o cinema contemporâneo é impelido a recuperar filmes antigos porque mantém com eles uma verdadeira relação criativa, ou antes porque lhe falta capacidade para lidar com as convulsões do presente?
Recentemente, surgiram notícias sobre mais dois remakes no mínimo inesperados. Assim, Steven Spielberg vai refazer Harvey, célebre comédia fantástica de 1954, realizada por Henry Koster, em que James Stewart interpreta um homem que acredita que mantém uma relação de amizade com um coelho gigante, invisível para os outros... Entretanto, o realizador Robert Luketic irá assinar uma nova versão de Barbarella, heroína futurista vinda da BD e que em 1968 foi interpretada por Jane Fonda num filme kitsch de Roger Vadim [cartaz].
Dir-se-ia que a recuperação de histórias mais ou menos antigas é uma tendência do cinema das décadas mais recentes, como se a cinefilia passasse, não apenas pela admiração de determinadas referências clássicas, mas sobretudo pela obsessão de as “repetir”. Como sempre, os resultados poderão ser melhores ou piores. Em todo o caso, fica a dúvida: será que o cinema contemporâneo é impelido a recuperar filmes antigos porque mantém com eles uma verdadeira relação criativa, ou antes porque lhe falta capacidade para lidar com as convulsões do presente?