sábado, agosto 22, 2009

Morais e Castro (1939 - 2009)

O Fazedor de Teatro, de Thomas Bernhard
Encenação de Joaquim Benite
Companhia de Teatro de Almada

Actor de teatro e televisão, fundador do "Grupo 4", Morais e Castro faleceu, vítima de cancro, no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, onde estava internado há um mês — contava 69 anos.
Para muitos espectadores, sobretudo mais jovens, a imagem mais forte de Morais e Castro está associada à personagem do professor na série televisiva As Lições do Tonecas (1996/98). O certo é que a sua carreira se desenvolveu ao longo de mais de meio século. Começou, ainda estudante de liceu, no Grupo Cénico do Centro 25 da Mocidade Portuguesa, tendo a estreia profissional ocorrido em 1956, no Teatro do Gerifalto (A Ilha do Tesouro, com direcção de António Manuel Couto Viana). Formou-se em Direito, tendo integrado o Teatro Moderno de Lisboa, no período 1961-65, para ele um período essencial de aprendizagem e consolidação. Em 1968, juntamente com Irene Cruz, João Lourenço e Rui Mendes, fundou o "Grupo 4", formação que, na época, teve um papel decisivo na divulgação de autores como Bertolt Brecht, Peter Handke ou Boris Vian. O seu trabalho em cinema foi escasso: o papel mais importante ocorreu em Pássaros de Asas Cortadas (1963), de Artur Ramos. Com uma presença regular nos ecrãs de televisão a partir da década de 80, teve um dos seus derradeiros trabalhos de palco em O Fazedor de Teatro, de Thomas Bernhard, encenado por Joaquim Benite.
Membro do Partido Comunista Português, sócio fundador do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculos, estava inscrito como candidato nas listas da CDU para as próximas eleições autárquicas, em Lisboa. Era sócio fundador, e actualmente membro da direcção, da Casa do Artista, onde residiu durante os meses que antecederam o seu internamento.