Concluimos hoje a publicação de uma entrevista com Patrick Wolf que surgiu, em forma editada, na edição de 28 de Julho do DN com o título "Sou muito ambicioso no meu trabalho".
O que o interessa musicalmente neste momento? Ou quando grava um disco novo [o músico está a registar The Conqueror, a continuação de The Bachelor] não ouve nada...
Quando estou a gravar um álbum meu tento não me distrair muito e por isso nessas alturas não oiço tanto o trabalho de outras pessoas.
Disse na sua página no Twitter que The Conqueror terá mais influências de disco...
É um disco mais positivo, mais enérgico. Tem a ver com este momento bom na minha vida. Com a felicidade que sinto... Reflecte um pouco tudo isso...
Acha que os seus discos retratam o estado de alma em que vivia quando os gravou. Ou seja, são retratos do que foi nesses momentos?
Sim, muito. E neste momento estou muito feliz. Pessoal e romanticamente. Por isso essa felicidade vai reflectir-se no disco que estou a acabar de fazer. Por vezes há momentos difíceis de que me lembro. E que quando os reencontro recordo que em todos foi importante saber seguir depois em frente.
Acha que escrever uma canção pode ajudar a resolver um momento difícil, arrumando-o e deixando-o para trás?
Sim... Há canções que fazem isso. Essa pode ser uma das razões porque se escreve canções nesses momentos...
É um processo inevitavelmente solitário o da escrita de canções?
Não tão solitário quanto o foi noutros tempos... Hoje tenho mais amigos à minha volta... O processo de composição não mudou, mas tenho mais gente com sei que quero estar... Ser um artista a solo comporta alguma solidão por vezes...
Quando decidiu dividir as ideias que tinha em dois álbuns distintos?
Queria fazer um disco com umas certas características, que é o The Batchelor... Começaram depois a surgir canções mais optimistas... E não podia juntar algumas destas canções com outras, mais extremistas, que entretanto fui também juntando. Não seria fácil juntar emoções tão diferentes, tão extremas, num mesmo álbum.
The Batchelor parece juntar elementos de álbuns anteriores. As electrónicas de Lycanthropy, o interesse pela folk de Wind In The Wires, o apelo pop de Magic Position... São os seus grandes interesses, é sabido, mas nunca os tinha juntado de forma tão evidente...
Faz sentido... Na verdade não penso o meu processo criativo dessa forma. Não analiso a esse ponto aquilo que faço. Fico apenas feliz por fazer as canções que crio.
O seu processo criativo continua a ser eminentemente intuitivo?
Tento que seja sempre tão intuitivo quanto possível, sim. Tento não pensar demais. Se penso demasiado quando estou a gravar um álbum sinto até que o posso estar a assassinar, de certa forma...
E quando tomou a decisão de sair de uma multinacional para editar estes dois discos por conta própria?
É sempre uma decisão fácil. Tem a ver essencialmente com o trabalho criativo que se está a fazer nesse momento. E se se trata de uma multinacional ou uma editora independente é secundário. Há outras coisas a acontecer na minha vida e na minha carreira nesta altura e que me interessam. E tudo tem a ver com a criação de um momento no tempo.
Sabia para onde a sua música ia evoluir, pelo que havia um orçamento necessário para gravar o disco...
Sim, havia um orçamento feito. E avancei para a Bandstocks...
Funcionou?
Para mim, sem dúvida. Não sei se funcionará para toda a gente.
Já foram aplicados à sua música os mais variados rótulos. Indie tronica, barroco... É sabido que não gosta de rótulos...
São completamente desinspirados! Já me chamaram muitas coisas... Não percebo muito porquê...