Os estúdios Pixar chegaram a uma encruzilhada: Up/Altamente é uma apoteose da sua sofisticação e também um sintoma dos problemas de qualquer evolução no interior da grande indústria — este texto foi publicado no Diário de Notícias (13 de Agosto), com o título 'As novas aventuras digitais'.
Se consultarmos os dados biográficos de Pete Docter, realizador de Up/Altamente, ficamos a saber que foi uma criança introvertida: em vez de participar nas brincadeiras dos colegas, preferia ficar nos terrenos à volta da casa da família, em Bloomington, Minnesota, fingindo ser... Indiana Jones. O pormenor é inevitavelmente revelador. Ele faz parte de uma geração que cresceu a ver as aventuras filmadas por Steven Spielberg (Docter nasceu em 1968; o primeiro Indiana Jones, Os Salteadores da Arca Perdida, surgiu em 1981), para quem os modelos de referência dos desenhos animados ostentavam ainda a chancela dos estúdios Disney.
Quando recebeu um convite para trabalhar na Pixar (pouco depois de ter realizado Next Door, filme de animação tradicional com que concluiu, em 1990, a sua formação no California Institute of the Arts), a opção pelo novo estúdio estava longe de ser a mais óbvia. O certo é que viria a transformar-se numa das figuras nucleares da animação digital, estando ligado aos argumentos de Toy Story (1995), Toy Story 2 (1999) e WALL-E (2008); Up/Altamente é a segunda longa-metragem que dirige, oito anos passados sobre Monstros & Cª [cartaz].
Quer isto dizer que Up/Altamente é um objecto exemplar do desenvolvimento da Pixar. Por um lado, preserva-se aqui o modelo de fábula social e ecológica, agora centrada no simpático velhinho que decide reagir à especulação imobiliária... voando com a sua casa; por outro lado, a cor e o movimento são cada vez mais sofisticados, mostrando que o desenho digital há muito consolidou as suas especificidades.
Apesar de alguns momentos fulgurantes (com inevitável destaque para o primeiro voo da casa), fica uma dúvida metódica: até que ponto a “necessidade” de inserir determinados números, cómicos ou musicais, não estará a pôr em causa a própria singularidade criativa da Pixar e dos seus elementos? Digamos que a história continua, tanto mais que Up/Altamente está a ser lançado com o primeiro trailer de Toy Story 3, a estrear no Verão de 2010.
Se consultarmos os dados biográficos de Pete Docter, realizador de Up/Altamente, ficamos a saber que foi uma criança introvertida: em vez de participar nas brincadeiras dos colegas, preferia ficar nos terrenos à volta da casa da família, em Bloomington, Minnesota, fingindo ser... Indiana Jones. O pormenor é inevitavelmente revelador. Ele faz parte de uma geração que cresceu a ver as aventuras filmadas por Steven Spielberg (Docter nasceu em 1968; o primeiro Indiana Jones, Os Salteadores da Arca Perdida, surgiu em 1981), para quem os modelos de referência dos desenhos animados ostentavam ainda a chancela dos estúdios Disney.
Quando recebeu um convite para trabalhar na Pixar (pouco depois de ter realizado Next Door, filme de animação tradicional com que concluiu, em 1990, a sua formação no California Institute of the Arts), a opção pelo novo estúdio estava longe de ser a mais óbvia. O certo é que viria a transformar-se numa das figuras nucleares da animação digital, estando ligado aos argumentos de Toy Story (1995), Toy Story 2 (1999) e WALL-E (2008); Up/Altamente é a segunda longa-metragem que dirige, oito anos passados sobre Monstros & Cª [cartaz].
Quer isto dizer que Up/Altamente é um objecto exemplar do desenvolvimento da Pixar. Por um lado, preserva-se aqui o modelo de fábula social e ecológica, agora centrada no simpático velhinho que decide reagir à especulação imobiliária... voando com a sua casa; por outro lado, a cor e o movimento são cada vez mais sofisticados, mostrando que o desenho digital há muito consolidou as suas especificidades.
Apesar de alguns momentos fulgurantes (com inevitável destaque para o primeiro voo da casa), fica uma dúvida metódica: até que ponto a “necessidade” de inserir determinados números, cómicos ou musicais, não estará a pôr em causa a própria singularidade criativa da Pixar e dos seus elementos? Digamos que a história continua, tanto mais que Up/Altamente está a ser lançado com o primeiro trailer de Toy Story 3, a estrear no Verão de 2010.