PINÓQUIO (1940), Walt Disney
O mercado cinematográfico parece cada vez mais infantilizado: pelos filmes que privilegia, pelas campanhas que promove, pelo público que selecciona — este texto foi publicado no Diário de Notícias (8 de Agosto), com o título 'Que cinema para adultos?'.
Mais do que nunca, importa perguntar o que é que o mercado quer fazer com os espectadores adultos. E se tal pergunta se justifica não é por nenhum moralismo maniqueísta. Ou seja: não se trata de opor os filmes “sérios” aos filmes “infantis”, muito menos de celebrar uns e lançar suspeitas sobre os outros. Afinal de contas, Pinóquio (1940) é uma obra-prima, seja qual for a idade com que o possamos ver ou rever...
Trata-se, isso sim, de perguntar o que está a acontecer num mercado cinematográfico que quase só investe em promoções que visam directamente o público infantil ou juvenil, a ponto de, por vezes, sentirmos que um filme mais grave pelos seus temas é “forçado” a ter uma imagem publicitária mais “ligeira” ou até “anedótica”. O problema, insisto, antes de ser cinéfilo, é eminentemente comercial. Na prática, a questão é esta: será que, globalmente, a distribuição/exibição se pode dar ao luxo de não tentar mobilizar os espectadores mais velhos para as salas? Os cidadãos adultos serão assim tão irrelevantes nas contas das bilheteiras? O DVD não é tudo...