Escritor, ensaísta e filósofo, Alain Finkielkraut (nascido em Paris, em 1949) é co-autor, com Pascal Bruckner, de um dos livros definidores dos grandes debates da década de 70 sobre a realidade e as mitologias da revolução sexual: A Nova Desordem Amorosa (1977). Acaba de publicar Un Coeur Intelligent (Stock), ensaio que se propõe tocar no cerne da oposição entre "pensamento" e "emoção", "racionalidade" e "afectividade", discutindo as suas ilusões contemporâneas. Para já, vale a pena ler a entrevista de Finkielkraut a François Busnel, publicada na revista Lire. Um fragmento:
BUSNEL - Voltando ao título: o coração deve ser inteligente? Não será preciso, pelo contrário, que o coração permaneça o coração, e a inteligência, a inteligência? Um coração inteligente não é demasiado racional, demasiado razoável, demasiado intelectual?
FINKIELKRAUT - Acredito, pelo contrário, que a inteligência entregue a si própria é uma das vertigens da modernidade: a vertigem do funcionalismo da razão instrumental e, para o dizer de maneira mais abrupta, da burocracia. Quanto ao coração, quando liberto de qualquer dependência, é, na melhor das hipóteses, o kitsch (acabamos de assistir ao seu desenvolvimento por ocasião da morte de Michael Jackson) e, na pior, a ideologia. A ideologia no sentido de uma divisão do mundo em dois campos, uma espécie de redução do fenómeno humano ao melodrama. Creio que a experiência totalitária impõe-nos que religuemos o coração e a inteligência, uma vez que a sua disjunção é devastadora.
>>> Site do programa de rádio Répliques, produzido por Alain Finkielkraut.
BUSNEL - Voltando ao título: o coração deve ser inteligente? Não será preciso, pelo contrário, que o coração permaneça o coração, e a inteligência, a inteligência? Um coração inteligente não é demasiado racional, demasiado razoável, demasiado intelectual?
FINKIELKRAUT - Acredito, pelo contrário, que a inteligência entregue a si própria é uma das vertigens da modernidade: a vertigem do funcionalismo da razão instrumental e, para o dizer de maneira mais abrupta, da burocracia. Quanto ao coração, quando liberto de qualquer dependência, é, na melhor das hipóteses, o kitsch (acabamos de assistir ao seu desenvolvimento por ocasião da morte de Michael Jackson) e, na pior, a ideologia. A ideologia no sentido de uma divisão do mundo em dois campos, uma espécie de redução do fenómeno humano ao melodrama. Creio que a experiência totalitária impõe-nos que religuemos o coração e a inteligência, uma vez que a sua disjunção é devastadora.
>>> Site do programa de rádio Répliques, produzido por Alain Finkielkraut.