Amy Taubin entrevistou Lucrecia Martel a propósito de A Mulher Sem Cabeça. Para além de um precioso retrato, o resultado é uma pequena lição sobre as artes da narrativa — este texto foi publicado no Diário de Notícias (18 de Julho), com o título 'Para além das histórias'.
Vale a pena ler a entrevista de Lucrecia Martel à edição de Julho/Agosto da revista Film Comment. A propósito do seu magnífico filme A Mulher Sem Cabeça (já estreado entre nós), a cineasta argentina considera que trabalha deliberadamente com elementos “falsos”. E afirma: “Para mim, um filme não é apenas o contar de uma história, mas uma tentativa de partilhar algumas percepções com o espectador. (...) Contar uma história é apenas o ponto de partida; é como um estratagema que se usa para poder partilhar algo que está para além da história.”
Vale a pena ler a entrevista de Lucrecia Martel à edição de Julho/Agosto da revista Film Comment. A propósito do seu magnífico filme A Mulher Sem Cabeça (já estreado entre nós), a cineasta argentina considera que trabalha deliberadamente com elementos “falsos”. E afirma: “Para mim, um filme não é apenas o contar de uma história, mas uma tentativa de partilhar algumas percepções com o espectador. (...) Contar uma história é apenas o ponto de partida; é como um estratagema que se usa para poder partilhar algo que está para além da história.”
Eis uma visão estimulante do universo cinematográfico, sobretudo porque, por influência da televisão, somos muitas vezes levados a pensar que uma “boa” história é uma garantia inalienável. De facto, o que Lucrecia Martel recorda pode dizer-se de forma mais básica, porventura tosca, mas sugestiva: nem mesmo a aplicação de um texto de Shakespeare ou William Faulkner é uma garantia automática de um filme interessante. O cinema decide-se numa relação. Entre quem? Quem narra e quem assiste.