O quarto episódio da saga dos "homens vs. robots" desemboca num dramático impasse criativo — este texto foi publicado no Diário de Notícias (6 de Junho), com o título 'Grandes meios, pequenas ideias'.
No momento em que surge o quarto capítulo de Terminator/Exterminador Implacável, é inevitável recordar como a trilogia inicial desta saga das máquinas que ameaçam tomar o poder no planeta Terra resume, não apenas o lugar simbólico de Arnold Schwarzenegger no moderno entertainment, mas também uma boa parte da lógica actual dos blockbusters.
O primeiro título da série, Exterminador Implacável (1984), de James Cameron, surgiu como a aposta paradoxal de fazer um espectáculo futurista capaz de jogar no campo das mais gigantescas produções de Hollywood, mas com os meios e, sobretudo, o estilo da tradicional série B. Depois, com recursos muito mais sofisticados, o mesmo Cameron fez O Dia do Julgamento (1991), sem dúvida um dos mais inteligentes objectos de puro espectáculo da década de 90. Com Ascensão das Máquinas (2003), já sem Cameron e com direcção de Jonathan Mostow, assistiu-se à derrocada total da série, perdida numa confusão de explosões e efeitos especiais sem qualquer coerência dramática.
O novo episódio, Exterminador Implacácel: A Salvação, realizado por McG (Os Anjos de Charlie) está longe de resolver os impasses do anterior. É bem verdade que assistimos a uma laboriosa reconversão visual deste universo apocalíptico, agora com componentes claramente devedoras de algumas tendências gráficas da actualidade (quer de banda desenhada, quer de jogos de video). É a dimensão mais curiosa do projecto, em todo o caso insuficiente para sustentar o espectáculo. Desde logo porque há uma indefinição conceptual que limita todo o filme: Christian Bale, no papel de John Connor, emerge como herói da saga, mas é a personagem de Sam Worthington, o novo homem-robot [foto] que revela maiores potencialidades dramáticas. Depois porque muito cedo tudo isso perde pertinência, de tal modo a acumulação de cenas de acção (?), gratuitas e repetitivas, enreda os resultados numa inglória e monótona retórica.
No fundo, assistimos a mais uma repetição da contradição que se estabelece entre os grandes meios (de produção e promoção) e as pequenas ideias. Tudo isto num mercado que continua a lançar directamente em DVD alguns filmes que mereciam melhor sorte...
No momento em que surge o quarto capítulo de Terminator/Exterminador Implacável, é inevitável recordar como a trilogia inicial desta saga das máquinas que ameaçam tomar o poder no planeta Terra resume, não apenas o lugar simbólico de Arnold Schwarzenegger no moderno entertainment, mas também uma boa parte da lógica actual dos blockbusters.
O primeiro título da série, Exterminador Implacável (1984), de James Cameron, surgiu como a aposta paradoxal de fazer um espectáculo futurista capaz de jogar no campo das mais gigantescas produções de Hollywood, mas com os meios e, sobretudo, o estilo da tradicional série B. Depois, com recursos muito mais sofisticados, o mesmo Cameron fez O Dia do Julgamento (1991), sem dúvida um dos mais inteligentes objectos de puro espectáculo da década de 90. Com Ascensão das Máquinas (2003), já sem Cameron e com direcção de Jonathan Mostow, assistiu-se à derrocada total da série, perdida numa confusão de explosões e efeitos especiais sem qualquer coerência dramática.
O novo episódio, Exterminador Implacácel: A Salvação, realizado por McG (Os Anjos de Charlie) está longe de resolver os impasses do anterior. É bem verdade que assistimos a uma laboriosa reconversão visual deste universo apocalíptico, agora com componentes claramente devedoras de algumas tendências gráficas da actualidade (quer de banda desenhada, quer de jogos de video). É a dimensão mais curiosa do projecto, em todo o caso insuficiente para sustentar o espectáculo. Desde logo porque há uma indefinição conceptual que limita todo o filme: Christian Bale, no papel de John Connor, emerge como herói da saga, mas é a personagem de Sam Worthington, o novo homem-robot [foto] que revela maiores potencialidades dramáticas. Depois porque muito cedo tudo isso perde pertinência, de tal modo a acumulação de cenas de acção (?), gratuitas e repetitivas, enreda os resultados numa inglória e monótona retórica.
No fundo, assistimos a mais uma repetição da contradição que se estabelece entre os grandes meios (de produção e promoção) e as pequenas ideias. Tudo isto num mercado que continua a lançar directamente em DVD alguns filmes que mereciam melhor sorte...