No dia 1 de Junho, teria celebrado 83 anos. A morte de Marilyn Monroe (a 5 de Agosto de 1962) é uma tragédia íntima, porventura eterna, porque amorosamente negada pelo suave labor das imagens. Esta permaneceu inédita durante quase 59 anos. Faz parte de uma colecção de fotografias assinadas por Ed Clark, obtidas a 1 de Agosto de 1950, no Griffith Park, em Los Angeles — a colecção, de 15 imagens, foi agora dada a conhecer pela revista Life.
Era um tempo em que a star se expunha de forma ambígua, não como ícone, nem sequer como projecto, mas como pudico pressentimento. Ainda a trabalhar como modelo, Marilyn vogava em Hollywood como uma figura secundária, por alguns notada num pequeno papel de The Asphalt Jungle/Quando a Cidade Dorme (1950), de John Huston. Face a esse glorioso anonimato, paramos por um momento e reencontramos um assombramento primordial: vemos o que sempre soubemos, reconhecemos que nunca o saberemos dizer. O olhar de Marilyn parece antecipar-se à crueza da sua própria história, confessando conhecer o nosso drama. E pedindo-nos silêncio por isso.