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São outras histórias, eu sei. Mas é também por isso que a longa-metragem A Zona, de Sandro Aguilar, surge como uma curiosa e estimulante experiência. Porquê? Porque depois de vários ensaios desiguais, mas muito obstinados, no campo da curta-metragem (Corpo e Meio, Arquivo, etc.), o cineasta relança uma hipótese plena de risco: a de que é possível partir de um certo realismo dos lugares da vida (sub)urbana para gerar qualquer coisa que, se não é exactamente fantástica, produz um efeito envolvente de dispersão de certezas e coordenadas.
Faltará ao filme uma dinâmica estrutural que controle por inteiro as ambivalências que coloca em jogo. Seja como for, isso não o impede de instalar uma lógica contemplativa, genuinamente poética, que se distingue pela sua singularidade no espaço português do cinema. Talvez até devamos inverter os termos da formulação anterior: A Zona é um filme que parte de uma pulsão fantástica para, no meio dos seus detritos, encontrar um mapa possível, possivelmente realista, no nosso magoado viver citadino. Nos seus momentos mais fortes, a verdade de A Zona confunde-se com uma comoção intensa e muito pudica.
>>> A ZONA, de Sandro Aguilar; com António Pedroso, Isabel Abreu, Cátia Afonso — estreia: 7 de Maio.
>>> A ZONA, de Sandro Aguilar; com António Pedroso, Isabel Abreu, Cátia Afonso — estreia: 7 de Maio.