Jean-Claude Van Damme, cidadão belga nascido em 1960, regressa ao seu país para tentar recuperar a identidade que, segundo ele, perdeu enquanto herói de "filmes-de-acção" (nos EUA) — um exercício que se anuncia artificioso, mas confessional, num jogo de espelhos filmado por Mabrouk El Mechri.
Mesmo desconhecendo o filme [cuja estreia comercial está agendada para 16 de Julho], é inevitável fazermos ironia — ironia por simpatia, entenda-se. De facto, não é preciso recuar muito no tempo para lembrarmos que, em termos de exibição cinematográfica (para mais num festival), seria totalmente impossível qualquer tipo de aproximação entre as lógicas do "cinema independente" e modelos de produção protagonizados por figuras como Jean-Claude Van Damme. Agora, deparamos com um filme sobre o mesmo Van Damme num contexto tão codificado como não pode deixar de ser um certame que usa o rótulo indie. Na prática, isto significa que as tensões entre "alta" e "baixa" cultura estão, de facto, mais atenuadas do que nunca — na melhor das hipóteses, podem favorecer uma visão aberta e descomplexada das formas artísticas; na pior, geram discursos sem memória nem respeito pela vida dessas mesmas formas (discursos de que, obviamente, algumas práticas jornalísticas não estão isentas). Dito isto, só resta desejar que esta nova faceta de Van Damme na primeira pessoa seja, de algum modo, motivadora. Pourquoi pas?
>>> INDIE LISBOA: hoje, 19h00, Cinema São Jorge.
Mesmo desconhecendo o filme [cuja estreia comercial está agendada para 16 de Julho], é inevitável fazermos ironia — ironia por simpatia, entenda-se. De facto, não é preciso recuar muito no tempo para lembrarmos que, em termos de exibição cinematográfica (para mais num festival), seria totalmente impossível qualquer tipo de aproximação entre as lógicas do "cinema independente" e modelos de produção protagonizados por figuras como Jean-Claude Van Damme. Agora, deparamos com um filme sobre o mesmo Van Damme num contexto tão codificado como não pode deixar de ser um certame que usa o rótulo indie. Na prática, isto significa que as tensões entre "alta" e "baixa" cultura estão, de facto, mais atenuadas do que nunca — na melhor das hipóteses, podem favorecer uma visão aberta e descomplexada das formas artísticas; na pior, geram discursos sem memória nem respeito pela vida dessas mesmas formas (discursos de que, obviamente, algumas práticas jornalísticas não estão isentas). Dito isto, só resta desejar que esta nova faceta de Van Damme na primeira pessoa seja, de algum modo, motivadora. Pourquoi pas?
>>> INDIE LISBOA: hoje, 19h00, Cinema São Jorge.