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Será, talvez, uma maneira demasiado esquemática de falar de
Tyson, o documentário de James Toback sobre o pugilista Mike Tyson, mas apetece dizer: é uma grande personagem e um filme que ficou pelo caminho...
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Aliás, o problema é que tanto Tyson como Toback parecem partir para o projecto sem nenhum programa definido (o que, convenhamos, numa situação excepcional, até poderia ser interes-sante): Tyson sente que pode ter a oportunidade para contrariar muito do que sobre ele se disse, escreveu ou especulou; Toback acredita que a dimensão mitológica da sua personagem bastará para sustentar aquilo que é, para todos os efeitos, um convencional dispositivo de entrevista. A experiência não deixa de ser curiosa, até pela estranheza de alguns dos seus momentos, mas estamos longe do cinema de ironia e risco que Toback simbolizou através de
Fingers (1978), com Harvey Keitel — o filme que serviria de ponto de partida a
De Tanto Bater o Meu Coração Parou (2005), de Jacques Audiard —, ou ainda
Love and Money (1982) e
Exposed (1983).