Foi o director de fotografia que, na década de 40, soube materializar algumas das mais ousadas experiências de luz e cor do cinema da dupla Michael Powell/Emeric Pressburger: Um Caso de Vida ou de Morte, Quando os Sinos Dobram e Os Sapatos Vermelhos [fotograma] — Jack Cardiff faleceu hoje, contava 94 anos.
Tendo começado como actor, ainda criança, durante o período mudo, aos 15 anos já trabalhava como assistente de câmara, função que desempenharia, por exemplo, em The Skin Game (1931), de Alfred Hitchcock. O seu reconhecimento profissional dá-se com a direcção fotográfica de Nobreza Cigana/Wings of the Morning (1937), primeiro filme em Technicolor rodado na Europa e um dos primeiros papéis importantes de Henry Fonda. Tornar-se-ia um mestre incontestado do Technicolor, recebendo, em 1948, o Oscar de melhor fotografia com Quando os Sinos Dobram (título original: Black Narcissus) — o seu tratamento das cores superava qualquer naturalismo, criando ambientes de permanente apelo à fantasia ou ao delírio onírico.
De origem inglesa, nascido em Yarmouth, Norfolk, Cardiff teve uma carreira repartida entre a produção do seu país e os EUA, por vezes assumindo também as funções de realizador: Filhos e Apaixonados (1960), segundo D. H. Lawrence, é normalmente reconhecido como o seu título mais importante. Seja como for, a sua grande herança estética está no domínio da fotografia para cinema. Entre os seus trabalhos mais importantes, incluem-se ainda as imagens de Sob o Signo de Capricórnio (1949), de Alfred Hitchcock, Pandora (1951), de Albert Lewin, A Rainha Africana (1951), de John Huston, A Condessa Descalça (1954), de Joseph L. Mankiewicz, e O Príncipe e a Corista (1957), de Laurence Olivier, com Marilyn Monroe. Em 2001, recebeu uma segunda estatueta da Academia de Hollywood, esta de carácter honorário.