Micachu
“Jewllery”
Rough Trade / Popstock
4 / 5
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John Parish é há já algum tempo um dos mais regulares colaboradores de PJ Harvey. Porém, a sua história de parcerias só o levara à capa de um disco, assinado em conjunto, em 1996. Aconteceu então, com Dance Hall At Louse Point. 2009 assiste à edição de um segundo volume de canções criadas a dois, em A Woman A Man Walked By, disco que, na verdade, em nada se afasta das linhas qure têm definido os destinos da obra da cantora. Neste segundo disco de créditos totalmente partilhados, John Parish assina todas as músicas, deixando a Polly Jean a escrita das letras e, naturalmente, o espaço cénico onde a voz acaba depois como inevitável protagonista. Consideravelmente distante das opções tomadas há dois anos no belíssimo White Chalk, no novo disco não nos é sugerido um caminho definido. Antes, uma colecção de retratos, visões e sugestões, que na verdade acabam por revisitar muitos dos espaços que a música de PJ Harvey tem percorrido ao longo dos anos. Da intensidade do tema de abertura (o single Black Hearted Love) aos domínios da contempação de Leaving California, entre a raiva e o melodrama, o disco é como uma galeria de instantes que sugerem uma síntese de uma linguagem que desde a edição de Dry (1992) nunca caminhou entre fronteiras fechadas, as palavras intrigantes e a voz de PJ Harvey a servir aqui a unidade entre as peças que se reunem. Um belíssimo olhar de reflexão, antes de nova partida na cena seguinte...
PJ Harvey + John Parish
“A Woman A Man Walked By”
Island / Universal
4 / 5
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Há pouco mais de um ano o promissor EP de estreia Plutão fez desde logo dos Macacos do Chinês um nome a ter em conta no panorama discográfico de um 2008 que se revelaria dos mais nutrituvos que a música portuguesa conheceu nos últimos tempos. Ruidos Reais confirma as sugestões que esses três temas apresentavam há um ano, num álbum que mostra interessante alargamento de horizontes a uma nova noção de música urbana nascida por estes lados. De vistas largas, o disco (que recupera dois temas do EP) parte de uma série de referências escutadas em várias etapas da história da música negra, do hip hop ao dubstep, da soul ao funk, assim definindo uma base de trabalho sobre a qual depois define a afirmação de uma identidade que tanto deve às sugestões marcadas pela presença de uma guitarra portuguesa como pelo bilhete de identidade das palavras que aqui definem um tempo e um lugar. Com inteligência e bom senso, reflecte-se um quotidiano, sem contudo afogar a música em sentidos e palavras. Há espaço. Para observar, mas também para fazer a festa. Com convidados que vão de João Gomes (dos Cool Hipnoise) a Kalaf, dos Buraka Som Sistema a Nuno Lopes (na pele do “Chato” que criou para a série “Os Contemporâneos”), o álbum de estreia dos Macacos do Chinês é mais uma importante contribuição para a renovação do panorama da música pop(ular) portuguesa.
Macacos do Chinês
“Ruidos Reais”
Enchufada
3 / 5
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Leonard Cohen nunca atribiu particular relevância à edição de discos ao vivo. De resto, até aqui todos surgiam definidos pelo que parecia ser uma lógica de arquivo, juntando gravações, arrumando memórias, para mais tarde recordar. Field Comander Cohen, de 2000, por exemplo, recorda uma digressão de 1979. Cohen Live, de 1994, junta canções registadas em palco entre os anos 80 e 90. E até mesmo Live Songs, o seu primeiro “live”, de 1973, é uma colecção de instantes de 1972 e 73... Este historial faz de Live In London o primeiro documento ao vivo de Cohen não apenas editado em tempo de vida de uma digressão (que ainda este ano regressará a Lisboa), como o primeiro que ilustra a verdade de um concerto de fio a pavio. Numa mesma noite, tal e qual aconteceu, a 17 de Julho de 2008, na O2 Arena, em Londres... Passando a “verdade” documental, na verdade pouco de mais há a dizer de Live In London. É um olhar retrospectivo, juntando canções (e ocasional declamação), naquela que é vista como a digressão de despedida de um dos nomes maiores da história da canção popular. Bom alinhamento, bom som, um músico entregue ao seu público... Mas com um senão nos arranjos, sobretudo na falta de contenção de um saxofonista e de um teclista cuja presença por vezes excede o que as canções deles pedem. Basta confrontar estas com as versões dos discos de estúdio para entender porquê. E, convenhamos, que um concerto de Cohen não vive do excesso nem da euforia. Mas antes da presença de uma voz única, e das suas grandes canções.
Leonard Cohen
“Live In London”
Columbia / Sony Music
3 / 5
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Apesar da edição, em 2008, de Seaside Rock, um disco de tiragem limitada, este é o álbum sucessor de Writer’s Block, o álbum de 2006 do trio sueco Peter Björn and John que virou acontecimento pelo sucesso de Young Folks, single dele extraído. A canção (a tal do assobio), cansou à medula como poucas sabem cansar. E durante largos meses o trio sueco não morou provavelmente na lista dos novos discos mais desejados de muitos... Três anos depois, o regresso anunciou-se com Living Thing... Ouvido o disco, a primeira reacção aponta a um erro de baptismo, devendo o título do álbum de 2006 ter sido guardado para o de 2009, tamanha é a falta de inspiração de um disco sem uma ideia, um caminho. E até mesmo sem uma boa canção! Evitaram a todo o custo os assobios, mas acabaram com uma mão cheia de nada. Mudaram-se dos terrenos pop folk para os de uma pop feita com a ajuda de algumas ferramentas electrónicas, mas numa jogada sem golpe de asa... Já ouvimos canções (e discos) bem piores este ano. Mas de tao inconsequente que se revela este corre o risco de figurar entre a lista dos discos de pontaria mais desafinada de 2009.
Peter, Björn and John
“Living Thing”
Wichita / Popstock
1 / 5
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Também esta semana:
Gomez, DAF (best of) , The Decemberists, Ultravox (best of), Hold Steady, Graham Parsons (reedição), Old Jerusalem
Brevemente:
6 de Abril: Yeah Yeah Yeahs, Junior Boys, Jon Hassell, Xutos & Pontapés, Neil Young, Bat For Lashes, Siouxsie & The Banshees (reedições), Nick Cave & The Bad Seeds (reedições), Carole King (reedição), Cliff Richard (B Sides), Ani Rossi, Elvis Perkins, Baskery, The Veils
13 de Abril: Metric, Papercuts, Madeleine Peyroux, Super Furry Animals, Eddi Reader, Bill Callahan, Calvin Harris, Dimitri From Paris, Paul Oakenfold (best of), Neutral Milk Hotel (reedição)
20 de Abril: Depeche Mode, Big Pink, Art Brut, Tortoise, Jane’s Addiction, Wilco (DVD), Camera Osbcura, Dukes Of Stratosphere (reedições), Björk (DVD), Noisettes, Juan McLean, Handsome Family, Richard Swift, Miss Kittin, Booker T
Abril: Bob Dylan, Annie, Bell Orchestre, Morrissey (reedição), Thomas Dolby (best of), Maximilian Hecker
Maio: Conor Oberst, Grizzly Bear, John Vanderslice, VV Brown, Tori Amos, Iggy Pop, Phoenix, St Vincent