Pensemos, por exemplo, em Rua da Vergonha (1956), de Kenji Mizoguchi, De Olhos Bem Fechados (1999), de Stanley Kubrick [foto], Smorgasbord (1983), de Jerry Lewis, Sete Mulheres (1966), de John Ford, Um Filme Falado (2003), de Manoel de Oliveira, Marnie (1964), de Alfred Hitchcock, ou Bom Dia (1959), de Yasujiro Ozu — que há de comum entre todos eles? Pois bem, são filmes cujos realizadores souberam envelhecer sem perder o gosto e o fulgor criativo. Representam um "cinema tardio" (late film) celebrado por um curioso ciclo que a cinemateca da Brooklyn Academy of Music propõe a partir do dia 30 de Abril.
Não são necessariamente filmes que concluam filmografias, nem sequer se trata de cineastas com uma obra encerrada (além de Jerry e Oliveira, estão representados, por exemplo, Eric Rohmer, Jean-Luc Godard e Jacques Rivette). Como escreve A. O. Scott (artigo sobre o ciclo em The New York Times), são filmes "impacientes com a passagem do tempo" — até porque no caso extraordinário de Oliveira, ele não só tem idade para se lembrar do cinema mudo, como trabalhou ainda na sua época.