Natasha Richardson (com uma semana de idade)
com os pais, Tony Richardson e Vanessa Redgrave
— foto publicada pelo jornal The Guardian
A morte de Natasha Richardson trouxe também memórias de seu pai, Tony Richardson, nome fundamental na renovação do cinema britânico dos anos 60 — esta breve evocação foi publicada no Diário de Notícias (28 de Março).
A chocante notícia da morte da actriz Natasha Richardson (no dia 18, vítima de um acidente de esqui, contava 45 anos) permitiu-nos também perceber como a memória cinéfila pode ser redutora. Natasha era filha de Vanessa Redgrave, um dos monstros sagrados do teatro e cinema britânicos. Mas convém acrescentar que o seu apelido profissional nos remete para a herança do pai, Tony Richardson (1928-1991), nomes fulcral da revolução do free cinema, nas décadas de 1950/60.
Juntamente com Lindsay Anderson e Karel Reisz, Richardson apostou numa reconversão crítica dos modelos clássicos, tendo assinado o emblemático Paixão Proibida/Look Back in Anger (1958), com Richard Burton e Claire Bloom, baseado na peça de John Osborne. Tom Jones (1963), adaptado de Henry Fielding (com argumento de Osborne) valeu-lhe os Oscars de melhor realizador e melhor filme. Terminou a sua carreira com Blue Sky (1991), um filme magnífico e atribulado: por um lado, valeu a Jessica Lange o Oscar de melhor actriz; por outro lado, a falência do estúdio produtor (Orion) fez com que só fosse lançado em 1994.