sexta-feira, março 13, 2009

Em conversa: Steven Sebring (3/3)

Concluímos hoje a publicação de uma entrevista com Steven Sebring, o realizador de Patti Smith: Dream Of Life, que serviu de base a um artigo publicado no DN a 4 de Março.

Podemos descrever Dream Of Life como um filme poético. Procurou traduzir, de certa forma, o sentido poético da obra de Patti Smith nesta sua visão do seu mundo?
É dessa forma que penso na Patti Smith: em primeiro lugar pela poesia. A sua música vem da sua poesia. E é um processo muito natural. E por isso o filme não fala tanto sobre a música. A música foi apenas a cereja sobre o bolo. Era este o filme que eu queria fazer... Para falar da sua música há os discos, que as pessoas podem comprar e ouvir.

Mas usa imagens de concertos. Eram inevitáveis...
Sim, e sabia que as teria de usar. Mas havia razões pelas quais não queria que surgissem com maior protagonismo. Não se ouvem canções na íntegra. Apenas esboços. As pessoas talvez esperassem que imagens de concertos iam aparecer, mas eu não quis ser previsível...

Há uma cena em que vemos uma leitura de poemas, na qual Patti Smith surge acompanhada ao piano por Philip Glass...
Foi numa homenagem a Allen Ginsberg, em Nova Iorque. A dada altura dei por mim a fechar os olhos...

O filme tem uma face política. Mostra uma posição... George W. Bush ainda estava no poder, mas o cenário entretanto mudou... Vê hoje aquelas imagens como um retrato daquele tempo?
Há dias estava em Chicago... Falámos sobre a guerra. Muito do que se diz no filme ainda tem relevância. Há problemas na economia. Ainda estamos em guerra. Daqui a 10 ou 20 anos vamos olhar para o filme e ele vai reflectir este tempo.

Acredita na mudança com esta nova administração?
Sim. Tenho esperança, pelo menos... É tão melhor do que tínhamos antes...

Ao fim destes 12 anos ejm que acompanhou Patti Smith de tão perto, o que descobriu sobre ela que mais o tivesse surpreendido?
O que temos em comum. Estávamos destinados a nos concermos e a acabarmos amigos. Ela despertou-me para a sua música. É muito directa. Diz aquilo em que acredita. Muito honesta.

Como reagiu Patti Smith à montagem final?
Gostou. Apoiou-me a cem por cento. E é um pouco por isso que o filme tem corrido tão bem. É um filme pequeno... Sem grande marketing... Por isso estamos espantados com o que já se conseguiu. E sinto orgulho neste filme também porque é diferente do que se costuma fazer. Tem também muito de mim.

Continuou a filmá-la depois do filme terminado?
Filmei o concerto dela no CBGB’s quando fechou... Mas agora estou a ler scripts. O próximo filme será uma ficção.