Patti Smith: Dream Of Life não é, de todo, um documentário musical “tradicional” ...
Não estava interessado em fazer um documentário musical. De resto, quando conheci a Patti [Smith] nem estava sequer a pensar em fazer um documentário. Estava a juntar informação...
Como conheceu Patti Smith?
Conheci-a em 1995 numa sessão fotográfica. Temos como amigo comum, o Michael Stipe, dos R.E.M.. Ela estava a regressar à música. E nessa altura eu sabia muito pouco sobre ela. Pareceu-me logo uma pessoa muito interessante, porque nos encontrámos na sua casa, em Detroit... E quando depois a vi a actuar fiquei espantado. Comecei então a filmá-la.
Tinha já um plano de trabalho em mente?
Não, fui apenas filmando, filmando. E fui-me divertindo, experimentando ideias... A dada altura comecei a pensar como iria depois montar todas aquelas imagens e transformar tudo aquilo num filme. Isto numa altura em que tinha já muito material filmado... Falámos. E a dada altura ela disse que estava pronta para fazermos um filme.
Seguiu-a durante quanto tempo?
Ao todo foram 12 anos.
E como se faz depois a montagem de 12 anos de filmagens?
Foi um desafio... Por causa dos direitos musicais, houve logo uma ideia clara do que podia e não podia usar. Havia coisas caras demais para usar...
Há uma sala usada no filme quase como um refrão... E ali estão espalhadas verdadeiras colecções de memórias...
É o quarto dela, e ela trabalha muito ali. E houve muitas alturas em que também nós trabalhámos ali. Quando chegou a altura em que estava a montar o filme senti que precisava de uma linha, algo que estabelecesse uma continuidade. Nessa altura fui muitas vezes a casa dela e filmei-a. Gravámos vozes para usar sobre algumas imagens... Mas estava à procura de algo que desse relevância à história que estava a contar. Acho que resultou bem.
(continua amanhã)