Na medula da narrativa corre a história de Perrault, na qual nos é apresentado Barba Azul, poderoso soberano de quem se diz ter morto todas as mulheres com que casou... Até ao dia em que uma jovem inteligente vira o feitiço ontra o feiticeiro... Nada de novo até aqui, é certo... A verdadeira alma do filme mora numa acção paralela, que imaginamos em meados do século XX, na qual duas irmãs (na verdade uma projecção de Breillat e da sua irmã mais velha) revisitam o conto de Perrault. Uma lê a história. A outra escuta, assustada. E neste recorrente revisitar de memórias de infância, Breillat não só reencontra um conto que a fascinara nesses dias, como ajusta contas com uma irmã de quem, pelos vistos, não guarda as melhores memórias.
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Bola de Berlim (4)
N. G.: Comemoram-se este ano, na Berlinale, os 30 anos da secção Panorama que, nos últimos tempos, tem revelado filmes bem mais interessantes que a própria competição oficial do festival. Convenhamos que 2009 não fugiu ao padrão... Vários filmes foram programados para assinalar a data, um deles devolvendo à Berlinale a realizadora Catherine Breillat [foto]. Em 1979, o seu Tapage Nocturne foi um dos filmes a integrar a primeira selecção do Panorama. Este ano, além de revisitar esse filme, a Berlinale apresentou a nova longa-metragem da realizadora francesa. Trata-se de Barbe Bleue, nada mais que uma nova abordagem do conto de Perrault. Apesar de revelar um guarda-roupa de má festa de Carnaval, o filme mostra como é possível olhar de forma diferente e empolgante para uma história que já foi contada vezes sem conta.