
Recentemente, em Paris [sob a égide do CNC], foi organizado um forum de informação e discussão subordinado a uma eloquente designação: Estados Gerais da Acção Cultural Cinematográfica e Audiovisual. Podem ler-se interessantes informações sobre os debates no site dos Cahiers du Cinéma, uma das entidades participantes. No centro do acontecimento estava um princípio de trabalho que um texto publicado nos Cahiers resume de forma exemplar: trata-se de “instituir uma relação estética com os filmes por oposição a todas as formas de consumo”.
Num contexto como o português, dominado por essas formas de consumo (quase sempre sustentadas pelos mais banais discursos de origem televisiva), este é um acontecimento sobre o qual vale a pena reflectir. Porquê? Porque a defesa do cinema enquanto espaço cultural específico é uma questão sistematicamente adiada. E mesmo que a noção de “acção cultural” possa estar marcada por muitos traumas históricos, isso não é uma boa razão para nos alhearmos dos temas graves do presente. Logo, das hipóteses do futuro.