domingo, janeiro 04, 2009

Memórias de Leonard Bernstein

Com o apoio do Carnegie Hall, sala mítica de Nova Iorque, cidade onde trabalhou Leonard Bernstein (1908- 1990) grande parte da sua vida e cuja vivência fixou em muitas das suas composições, Bernstein Conducts Bernstein é uma colecção de dez CD que, sem apresentar a integral da obra do compositor norte-americano, é como uma antologia representativa da sua identidade autoral. A caixa, que recupera um conjunto de gravações originais (reproduzindo também a miniatura da capas das edições em vinil), recupera as suas três sinfonias, peças para bailado (como Fancy Free e Dybukk), musicais (como On The Town, na sua versão integral, ou West Side Story), uma das suas duas óperas (Trouble In Tahiti), arranjos para concerto de música para cinema (Há Lodo No Cais), a imponente Missa ou pequenas (e menos divulgadas) peças como La Bonne Cuisine ou I Hate Music!. As gravações, que cobrem um período entre 1950 e 1974, apresentam Bernstein frente à Filarmónica de Nova Iorque, de que foi director musical entre 1958 e 69. E envolvem solistas como Isaac Stern, Philippe Entremont e Benny Goodman.
O booklet, por sua vez, ajuda a contar a história cuja música aqui se escuta, recuperando não apenas notas das capas das edições em vinil, como execrtos de críticas publicadas na imprensa à altura da estreia de algumas destas obras. Por esta música correm traços evidentes de personalidade que definiram Leonard Benstein como herdeiro da grande tradição americana (sobretudo marcada por Copland e Ives). Sublinhando depois uma identidade concreta de tempo e lugar pela assimilação de linguagens do teatro musical, do jazz, da música latina e mesmo da pop, traduzindo assim a diversidade cultural da cidade de Nova Iorque, a mais recorrente protagonista da obra do compositor.

Através do seu site oficial a mítica sala, situada na sétima avenida de Nova Iorque, lançou recentemente o Leonard Bernstein Memory Bank. A ideia que preside à construção deste arquivo visa a recolha sistemática de memórias, de gente famosa e de gente anónima, tendo o compositor e maestro por protagonista. As memórias recolhidas serão depois integradas numa base de dados online.
As questões lançadas são simples: esteve em algum concerto de Leonard Bernstein? Guarda memórias dos seus programas na televisão? A sua música mudou, de alguma maneira, algum momento da sua vida? Qualquer um pode responder... No site encontramos já, em arquivos vídeo, depoimentos de figuras como Jack Gottlieb (assistente de Bernstein de 1958 a 66), Burton Bernstein (o irmão do compositor), Jamie, Nina e Alexander (os seus três filhos) e figuras do mundo da música de hoje como Marin Alsop, Thomas Hampson ou Michael Tilson Thomas. Depoimentos escritos chegam depois do mundo inteiro, relatando memórias de gente anónima, que não esqueceram Bernstein.
PS. Versão editada de um texto publicado no DN a 26 de Dezembro