segunda-feira, janeiro 19, 2009

João Aguardela (1969-2009)

Conheci o João em 1990. E ao lado dele acompanhei, trocando comentários, algumas das revelções que passavam pelo palco do Johnny Guitar, em plenas eliminatórias do concurso que colocaria no mapa nomes como os Tina & The Top Ten, Entre Aspas e algumas outras promessas nunca depois concretizadas...
Era, nessa altura, figura e voz já familiar entre os que seguiam mais de perto os acontecimentos na música portuguesa. Descobrimo-lo nos Sitiados, quando ainda em finais de 80 passaram pelo 5º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous. Uma participação de que ficou a memória de uma das suas melhores canções - A Noite - guardada na compilação que recorda os finalistas desse ano (1988). Três anos depois, os Sitiados ganhavam lugar de destaque no panorama pop nacional e a Vida de Marinheiro afirmava-se então como uma das canções mais ouvidas do ano. Tanto, que acabou inscrita na memória de 90. O álbum contudo não se esgotava aí. E logo então, entre alguns momentos do alinhamento, escutavam-se sinais uma clara vontade em procurar outras formas de encarar o fado. A descoberta de novas tecnologias, aliada a um igual interesse pela memória e pela exploração da língua portuguesa (e da poesia) abriram portas a outras experiências, que foi lançando em projectos como a Linha da Frente, A Naifa e Megafone (esta última uma aventura a solo, aqui talvez inscrevendo os títulos mais desafiantes de toda a sua discografia). Morreu ontem, vítima de um cancro. Faria 40 anos em Fevereiro.