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A grande protagonista da jornada deste fim de semana do principal campeonato de futebol — a equipa do Trofense (que venceu o Benfica por 2-0) — surge escandalocamente secundarizada. De facto, já não basta estar em último lugar e conseguir ganhar ao líder do campeonato... Depois, tudo é tratado como se os chamados grandes fossem os protagonistas obrigatórios da actualidade, aconteça o que acontecer.
É uma tristeza, insisto. Não porque haja aqui informa-ções "mentirosas". Podemos até admitir que jornais e comentadores considerem o Trofense um acidente desprezível que não justifica a sua atenção. O que está em jogo está muito para além do futebol (e ainda mais das preferências clubistas seja de quem for). Tem a ver com uma vocação primordial — e, salvo melhor opinião, inalienável — do próprio trabalho jornalístico. A saber: a de nos convidar a abrir os olhos, a sensibilidade e o pensamento para a pluralidade do mundo e da experiência humana. Nesta paisagem tão limitada, é preciso nascer grande para se ter direito a uma manchete. E sublinho: "uma" manchete — porque, afinal de contas, os três jornais conseguem substituir-se uns aos outros, diluindo a sua identidade no lugar comum de uma só rotina.
É uma tristeza, insisto. Não porque haja aqui informa-ções "mentirosas". Podemos até admitir que jornais e comentadores considerem o Trofense um acidente desprezível que não justifica a sua atenção. O que está em jogo está muito para além do futebol (e ainda mais das preferências clubistas seja de quem for). Tem a ver com uma vocação primordial — e, salvo melhor opinião, inalienável — do próprio trabalho jornalístico. A saber: a de nos convidar a abrir os olhos, a sensibilidade e o pensamento para a pluralidade do mundo e da experiência humana. Nesta paisagem tão limitada, é preciso nascer grande para se ter direito a uma manchete. E sublinho: "uma" manchete — porque, afinal de contas, os três jornais conseguem substituir-se uns aos outros, diluindo a sua identidade no lugar comum de uma só rotina.