Sabemos que a noção de "qualidade BBC" é um rótulo tão frequente quanto fácil e simplista: é óbvio que a BBC é uma estrutura de produção com uma importância histórica indesmentível — inclusive para muitos momentos de renovação criativa do cinema britânico —, o que não impede que sob tal chancela se concretizem projectos de grande banalidade dramática e formal. É o caso de A Duquesa, filme de Saul Dibb, com Keira Knightley e Ralph Fiennes: o retrato de Georgiana Cavendish (1757-1806), Condessa de Devonshire, cedo redunda num daqueles exercícios de ostentação gratuita, desde o guarda-roupa até às cenas "eróticas", cuja identidade se confunde com as regras da mais banal mini-série "histórica".
Enfim, por aí não viria grande mal ao mundo. Acontece que a promoção do filme é um caso extremo de exploração de uma figura do imaginário britânico cujo poder simbólico será inútil sublinhar: a Princesa Diana (1961-1997). Assim, é certo que Diana pertence à vasta descendência de Georgiana, mas a sua integração na publicidade do filme tem qualquer coisa de obsceno: o trailer de A Duquesa não só utiliza imagens de Diana, como estabelece um paralelo grotesco, referindo-se a duas mulheres "unidas pelo destino" — vale a pena conhecer o trailer, quanto mais não seja para perceber como o marketing pode menosprezar todas as singularidades históricas, apenas para criar uma imagem "apelativa" dos produtos que trabalha.
Enfim, por aí não viria grande mal ao mundo. Acontece que a promoção do filme é um caso extremo de exploração de uma figura do imaginário britânico cujo poder simbólico será inútil sublinhar: a Princesa Diana (1961-1997). Assim, é certo que Diana pertence à vasta descendência de Georgiana, mas a sua integração na publicidade do filme tem qualquer coisa de obsceno: o trailer de A Duquesa não só utiliza imagens de Diana, como estabelece um paralelo grotesco, referindo-se a duas mulheres "unidas pelo destino" — vale a pena conhecer o trailer, quanto mais não seja para perceber como o marketing pode menosprezar todas as singularidades históricas, apenas para criar uma imagem "apelativa" dos produtos que trabalha.