Se há artistas cuja obra se revela capaz de gerar clivagens entre conceitos e argumentos, nomeadamente entre "arte popular" e "arte erudita", Andrew Wyeth é, seguramente, um desses artistas — grande referência de um certo realismo americano durante o século XX, Wyeth faleceu no dia 16, na sua casa em Chadds Ford, Pensilvânia, contava 91 anos.
No obituário publicado na revista Time, Richard Lacayo chama-lhe mesmo "o grande problema da arte moderna americana". Apetece dizer: o anti-Jackson Pollock. Isto porque Wyeth nunca abandonou uma dimensão realista que, além de o tornar exterior a todas as convulsões (abstractas ou figurativas) que marcaram a arte americana do último século, lhe conferiu uma inabalável dimensão popular, por muitos encarada como suspeita.
Digamos, para simplificar, que as telas e desenhos que nos legou impõem que não o reduzamos a um mero "ilustrador", quanto mais não seja porque o seu realismo nos remete para uma dimensão genuinamente poética, próxima de um êxtase secreto, de depuradas emoções. Há em Wyeth uma crença na realidade visível cuja urgência humana parece mais pertinente do que nunca. Certamente não por acaso, alguns dos seus quadros, com inevitável destaque para o assombrado e assombroso Christina's World, tornaram-se verdadeiros ícones da cultura popular dos EUA.
>>> Site oficial de Andrew Wyeth.
>>> Obituário no jornal The New York Times.
>>> Obituário na revista Time.
>>> Retrospectiva no Smithsonian Institute.
>>> "Christina's World" no MoMa.