A recta final de 1968 revelou dois álbuns que, mais que quaisquer outros, assinalaram o final do sonho caleidoscópico que tinha sido banda sonora do “verão do amor” do ano anterior. Foram eles o “álbum branco” dos Beatles (a 22 de Novembro) e, faz hoje 40 anos, o não menos significativo Beggars Banquet, dos Rolling Stones. O disco corresponde a um esforço de reencontro do grupo com as suas referências centrais e com uma personalidade rock’n’roll que, desde 1965, e sob evidente protagonismo de Brian Jones, havia conduzido a obra num caminho de progressiva sofisticação formal (que, na verdade, lhes deu alguns dos seus melhores discos). Essa aventura, garrida e inspiradora, tinha atingido o seu pico no álbum Their Satanic Majesties Request, de 1967. Jagger e Richards sentiram contudo vontade de agir, tomando as rédeas do grupo, perante um também cada vez mais evidente alheamento de Brian Jones, que não participa nas sessões do novo disco com o empenho de gravações anteriores. Esta seria, de resto, a sua derradeira colaboração com os Rolling Stones.
Beggars Banquet representa não apenas um regresso ao caminho original do grupo, mas também o ensaio para a definitiva instituição de um “cânone” que seria depois definido pelos álbuns Let It Bleed (1969), Sticky Fingers (1971) e Exile On Main Street (1972). O single Jumpin’ Jack Flash, editado meses antes do álbum, revelava já sinais que o álbum depois confirmaria em pleno. A canção acabaria fora do alinhamento do álbum que revelou depois temas como Street Fighting Man ou Sympathy For The Devil. Este último, tem a sua génese documentada em filme, rodado em estúdio, por Jean Luc Godard.
Imagens de uma actuação televisiva em finais de 1968, ao som de Salt Of Earth, canção com tempero gospel que encerra o alinhamento de Beggars Banquet. Brian Jones está ainda entre os Rolling Stones, que abandonaria pouco depois.