Nascido em 1946 na Pensilvânia, Bruce Wayne Campbell começou cedo a tocar piano. Subiu aos palcos pela primeira vez num papel secundário de Hair. Tomando Jobriath Sailsbury como nome artísitico, teve uma primeira banda, os Pidgeon, com os quais gravou um álbum e um single. Mas o serviço militar deixou a aventura por ali. Deprimido, passou seis meses num hospital psiquiátrico do exército. Mas não deixou nunca de compor canções.
Nova Iorque, 1972. Um novo capítulo na vida de Jobriath surge quando conhece o manager de Carly Simon, que o leva até ao catálogo da Elektra. O fenómeno Bowie na Europa dá o mote e entusiasma a editora de Jobrialh, que o pensa apresentar como a resposta americana ao então ícone vivo do glam rock. Não se olha a custos para o álbum de estreia a solo do músico. É agendada uma temporada no Electric Lady Studio, contratado o antigo produtor de Jimi Hendrix e chamados a participar nas gravações nomes como os de Peter Frampton e John Paul Jones, dos Led Zeppelin.
A famosa “revelação” da bissexualidade de Bowie deu o mote para a construção da imagem do andrógino Jobriath, que então se apresenta como a primeira estrela rock’n’roll abertamente gay. Rios de dinheiro são gastos em publicidade na Vogue, Penthouse e Rolling Stone. A imagem da capa do álbum, uma foto manipulada de Shig Ikeda, na qual o músico se apresenta com as pernas desmembradas é afixada em 250 autocarros em Nova Iorque. E um cartaz enorme surge entre os anúncios de topo em Times Square... Em Paris, três dias são marcados para concertos extravagantes na Ópera, seguindo-se outras datas por grandes teatros europeus. Em entrevistas, controladas pelo manager para criar à volta de Jobriath um enigma, este apresenta-se sob a trilogia “Elvis, os Beatles e Jobriath”...
Em 1973, quando o álbum sai, revela-se um fiasco. As vendas são mínimas e a digressão projectada acaba cancelada. Meses depois, já em 1974, um segundo álbum (com temas gravados nas mesmas sessões que o disco de estreia) sai ainda sob menor entusiasmo. Jobriath afasta-se do manager mas, com contrato de dez anos por cumprir, é impedido de gravar novos discos. Muda então de nome, passando a apresentar-se como Cole Berlin. Participa em espectáculos de cabaret. Mas acaba por ganhar a vida a actuar em restaurantes e festas... Em 1983, quando o contrato que o impedira de manter viva a carreira discográfica termina, já Jobriath é doente terminal de sida. A morte chega, sem que quase ninguém a assinalasse, em Agosto desse ano.
Jobriath já não assistiu ao reconhecimento da sua obra, que chegou quando figuras como Morrissey, Siouxsie Sioux ou Neil Tennant (dos Pet Shop Boys) o apontaram como ícone que admiraram. Os álbuns em vinil tornaram-se peças de colecção. E em 2004 Morrissey acompanhou a construção de uma antologia dedicada a Jobriath. Mais visível foi, depois, o facto de ter constituído um dos modelos de inspiração para a construção da personagem de Brian Slade (interpretada por Jonathan Rhys Meyers) no filme Velvet Goldmine, de Todd Haynes (1998). Se bem que alguns dos elementos da “história de vida” da figura de ficção que Haynes criou devessem algumas referências ao Bowie de finais de 60 e inícios de 70, o destino trágico do cantor depois do fim da festa glam rock não está distante de Jobriath. Evidente é também a citação feita na criação da capa do álbum de Brian Slade, claramente apontando ao modelo de referência na imagem que dominava o primeiro disco de Jobriath.
A famosa “revelação” da bissexualidade de Bowie deu o mote para a construção da imagem do andrógino Jobriath, que então se apresenta como a primeira estrela rock’n’roll abertamente gay. Rios de dinheiro são gastos em publicidade na Vogue, Penthouse e Rolling Stone. A imagem da capa do álbum, uma foto manipulada de Shig Ikeda, na qual o músico se apresenta com as pernas desmembradas é afixada em 250 autocarros em Nova Iorque. E um cartaz enorme surge entre os anúncios de topo em Times Square... Em Paris, três dias são marcados para concertos extravagantes na Ópera, seguindo-se outras datas por grandes teatros europeus. Em entrevistas, controladas pelo manager para criar à volta de Jobriath um enigma, este apresenta-se sob a trilogia “Elvis, os Beatles e Jobriath”...
Em 1973, quando o álbum sai, revela-se um fiasco. As vendas são mínimas e a digressão projectada acaba cancelada. Meses depois, já em 1974, um segundo álbum (com temas gravados nas mesmas sessões que o disco de estreia) sai ainda sob menor entusiasmo. Jobriath afasta-se do manager mas, com contrato de dez anos por cumprir, é impedido de gravar novos discos. Muda então de nome, passando a apresentar-se como Cole Berlin. Participa em espectáculos de cabaret. Mas acaba por ganhar a vida a actuar em restaurantes e festas... Em 1983, quando o contrato que o impedira de manter viva a carreira discográfica termina, já Jobriath é doente terminal de sida. A morte chega, sem que quase ninguém a assinalasse, em Agosto desse ano.
Jobriath já não assistiu ao reconhecimento da sua obra, que chegou quando figuras como Morrissey, Siouxsie Sioux ou Neil Tennant (dos Pet Shop Boys) o apontaram como ícone que admiraram. Os álbuns em vinil tornaram-se peças de colecção. E em 2004 Morrissey acompanhou a construção de uma antologia dedicada a Jobriath. Mais visível foi, depois, o facto de ter constituído um dos modelos de inspiração para a construção da personagem de Brian Slade (interpretada por Jonathan Rhys Meyers) no filme Velvet Goldmine, de Todd Haynes (1998). Se bem que alguns dos elementos da “história de vida” da figura de ficção que Haynes criou devessem algumas referências ao Bowie de finais de 60 e inícios de 70, o destino trágico do cantor depois do fim da festa glam rock não está distante de Jobriath. Evidente é também a citação feita na criação da capa do álbum de Brian Slade, claramente apontando ao modelo de referência na imagem que dominava o primeiro disco de Jobriath.
PS. Versão editada de um texto publicado no DN a 25 de Outubro.
Imagens de uma actuação televisiva em 1973, quando, com roupas de Stephen Sprouse, Jobriath apresentava o seu álbum de estreia. Aqui, com a sua banda de suporte, em I’m A Man.