A vitória de Obama traduz não só a maturidade do sistema democrático norte-americano, como uma série de realidades que espelham uma nova América que ontem viveu um dia que entrará para a sua história. Uma América etnicamente variada onde todas as vozes têm o mesmo peso e que reconhece definitivamente o peso das comunidades afro-americanas e latina como grande força eleitoral. Uma América que, como Obama frisou, não acredita na apatia da sua juventude. Pelo contrário, o voto jovem foi determinante para a construção do caminho para a mudança que ontem se confirmou. A vitória de Obama é o triunfo do século XXI sobre o século XX, o da visão de um futuro contra a contemplação das sequelas de um passado, o da sobriedade contra o populismo, o da honestidade contra a mentira, o das ideias contra os lugares comuns. De resto, maior lição não se tira desta eleição que a que chega com derrota da campanha de McCain e Palin, centrada na mentira (como a de cantarolar, sem qualquer justificação, que Obama é socialista), na calúnia (as acusações de envolvimento com “terroristas”), no aparente desdém pelo poder da eloquência (afinal uma das mais velhas tradições do discurso político) e numa errada concepção do que é a América. O “caso” Joe, the Plumber, de resto, foi dos mais errados tiros de uma campanha que perdeu porque não compreendeu que América é a de hoje. E assim, ganhou “o outro”...
Fotos: Chicago Tribune