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Dito de outro modo: neste caso, a proliferação da imagem tende a colar a McCain um rótulo — "ridículo" — cujo efeito vale a pena interrogar. De facto, o esgar de McCain é relativamente comum nas suas atitudes mais irónicas e terá sido motivado por uma súbita hesitação em relação ao caminho que devia tomar para ir cumprimentar o moderador. Seja como for, a difusão intensiva da imagem tende a rasurar qualquer compreensão do momento ou da sua psicologia, para acentuar um contraste "simbólico" entre a comicidade de McCain e a compostura de Obama.
É um instante, claro, apenas um instante, instantaneamente inocente. Mas a inocência desaparece quando à imagem se cola a "ideia" de que a pose de McCain o faz ser "inferior" ao seu adversário. Há, por certo, muitas e legítimas razões para escolher o ideário de Obama contra as propostas de McCain — mas esta fotografia não é uma delas.