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Objecto de todas as ambiguidades, sem dúvida, quanto mais não seja porque funde — e a ideia de fusão é, aqui, o fundamento técnico e simbólico do próprio gesto criativo — a carnalidade com a abstracção radical do valor mercantil. Dir-se-ia que o escultor quis celebrar o conceito de estrela como a derradeira moeda (palavra também visceral neste contexto) da nossa relação com o sagrado. Escusado será dizer que, no momento actual, a crise do dinheiro como valor, ou do valor do dinheiro, empresta à sereia de Quinn o poder (ainda mais ambíguo, se tal é possível) de celebrar uma transcendência não decomposta pelo materialismo dos tempos. Sabêmo-la intocável e sabemos que brilha — as aparições divinas não são feitas de outra coisa.