Em Paris

Cédric Klapsich, que muitos de nós descobrimos com A Residência Espanhola (2001) acaba de ver estreado entre nós o filme que pode representar o seu salto para uma outra etapa. Paris, que junta num elenco extenso nomes como os de Juliette Binoche e Romain Duris, é um cativante retrato de figuras, gente comum que se cruza nas ruas da cidade. Recorre ao dispositivo das histórias cruzadas, umas com maior relação entre si, outras nem por isso, mostrando-nos, mais que uma história comum, uma colecção de fragmentos de vidas comuns. Da padeira irritante para os empregados e subserviente aos clientes ao professor de história que se rende ao cheque volumoso de uma produtora televisiva para fazer uma série sobre Paris, da vendedora de fruta na praça ao arquitecto que até sonha com linhas de projectos, tendo como figuras centrais um jovem (Duris) a quem é diagnosticada uma complicação cardíaca e a irmã (Binoche) que se muda para o seu apartamento para o acompanhar. Tão cativante quanto as narrativas (onde drama e comédia habitam o quotidiano de todas estas figuras) é a visão da Paris de hoje que o filme nos dá. Um olhar contemporâneo, não nostálgico, de uma cidade com História feita de muitas outras histórias, mas presente e repleta de novas formas e vidas.