Será que o futuro mais ou menos próximo vai acabar com as salas de cinema? Por causa da Internet? Ou apesar da Internet? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (11 de Outubro), com o título 'Repensar as salas'.
O IMDb é um dos mais populares sites de cinema, conseguindo a proeza espectacular de acumular mais de 57 milhões de visitas por mês. Nos últimos tempos, pode-nos acontecer pesquisar um filme, por exemplo da área da produção independente, ou uma recente série de televisão e, para além da informação disponível, acabarmos por... ver aquilo que procuramos! Este é um acontecimento pleno de significado prático e simbólico. De facto, por mais que isso possa desencadear resistências cinéfilas (e, não tenhamos dúvidas, algumas serão pertinentes), o “desvio” dos conteúdos audiovisuais deixou de ser uma curiosidade da Internet, para passar a ser um modo de vida. Não se trata de passar de um mundo para o seu contrário. Trata-se, isso sim, de perceber que a coexistência de muitas formas de difusão (ou de plataformas, como se diz na gíria financeira) se tornou um dado essencial da dinâmica cultural e económica. Para repensar o funcionamento das salas, será necessário reconhecer que a concorrência mudou.