quinta-feira, setembro 04, 2008

A política segundo Piper Palin

Quando se soube que Bristol, uma das filhas de Sarah Palin (a candidata republicana à vice-presidência dos EUA), estava grávida de cinco meses, Barack Obama teve o cuidado de pôr os pontos nos ii, lembrando que os espaços familiares — e, em especial, as questões com os filhos — são exteriores ao seu combate eleitoral com John McCain.
Seja como for, os filhos adquirem um estatuto simbolicamente incontornável porque, de facto, são indissociáveis da biografia dos candidatos e, de uma maneira ou de outra, participam da sua imagem pública. O caso de Piper Palin (nascida em 2001), filha de Sarah Palin, possui os contornos de uma paradoxal sedução mediática: porque Piper não tem idade para assumir estratégias políticas ou eleitorais mas, ao mesmo tempo, distingue-se por esse singular apelo carismático que os americanos descrevem com o adjectivo, tornado substantivo, natural (vêmo-la em cima, com a mãe, numa foto disponível no blog McCain Blogette).
Durante o discurso de aceitação de Sarah Palin, Piper pediu para segurar o bebé da família, Trig (nascido em Abril de 2008). E nesse gesto acabou por se configurar um espantoso momento de televisão. Porquê? Porque Trig nasceu com síndroma de Down e não é todos os dias que pessoas com esse tipo de distúrbio genético passam na televisão sem um discurso paternalista a enquadrá-las e com esta naturalidade. Além disso, como podemos observar, Piper achou por bem corrigir o penteado do irmão e bem sabemos que a questão da pose é sempre essencial em qualquer mise en scène televisiva.